FSP, Brasil, p.A8
23 de Fev de 2005
Governo deve lançar outro pacote no PA
Da Sucursal de Brasília Após reunião de cerca de três horas no Planalto, representantes de sindicatos e ONGs do Pará ouviram do governo a promessa de manter o efetivo de 2.000 homens do Exército e um reforço de 60 agentes da Polícia Federal no Estado ao menos até dezembro.Também foi prometido um pacote de medidas de regularização fundiária de uma área de 10 milhões de hectares e a criação de novas delegacias da PF. As promessas, relatadas por sindicalistas ao final do encontro, não foram confirmadas oficialmente.Não houve participação de representantes do governo do Pará. Segundo a legislação, para que a União envie tropas para a segurança, o governador deve declarar falência das forças estaduais e pedir auxílio federal -a segurança é responsabilidade dos Estados.A permanência das tropas até o fim do ano foi uma reivindicação feita ao governo, numa lista de 68 exigências, assinada por 17 entidades, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores). O sindicalista Francisco de Assis de Souza, o Chiquinho do PT, suspeito num primeiro momento de ser o mandante da morte da freira Dorothy Stang, esteve na reunião.Chiquinho foi acusado pelo pistoleiro Rayfran Sales, o Fogoió, em depoimento à polícia. À Polícia Federal, posteriormente, o suspeito negou a versãoOutra exigência atendida, sempre segundo relatos, foi a liberação de recursos para a recuperação da BR-163 e para a Transamazônica. Se saírem do papel, as medidas serão o segundo pacote do governo para o Estado, desde a morte da missionária, no dia 12, em Anapu. Na semana passada, diante da pressão internacional sobre o caso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou quatro áreas de preservação ambiental.Na reunião, ainda de acordo com relatos, Marina Silva (Meio Ambiente) teria defendido que o julgamento dos crimes no Pará ocorresse em tribunal federal.Amigo havia mais de 20 anos da freira, Chiquinho, ex-vice-prefeito de Anapu e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local, criticou ontem a decisão do governo de criar unidades de preservação ambiental em vez de regularizar a situação fundiária."Nossa pauta visa primeiramente ao problema fundiário, que acaba sendo mais sério que criar reserva extrativista ou parque ambiental. Porque vai mexer com o interesse de muita gente." (Iuri Dantas e Julia Duailibi)
OAB diz que frei está "marcado para morrer"
Da Sucursal de Brasília O conselheiro federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Sérgio Alberto Frazão do Couto, do Pará, disse ontem que o frei francês Henri Burin des Roziers, que atua na CPT (Comissão Pastoral da Terra) naquele Estado, está "marcado para morrer" e que poderá ser a próxima vítima se não receber proteção.O alerta foi feito na reunião do Conselho Federal da entidade, em Brasília. Ele disse que Roziers é defensor dos direitos humanos na região de Xinguara e advogado de causas da CPT, como o combate ao trabalho escravo."O frei desempenha um trabalho intenso e vivem chegando até nós denúncias de que vão matá-lo", afirmou. "E eu sei que vão, é só uma questão de tempo."
FSP, 23/02/2005, p.A8
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