VOLTAR

Governo comemora, mas parlamentares fazem ressalvas

O Globo, Economia, p. 26
28 de Nov de 2007

Governo comemora, mas parlamentares fazem ressalvas
Lula destaca Bolsa Família e expressa otimismo quanto à melhora no ano que vem. Ministros dizem que há muito a fazer

Enquanto a entrada do Brasil no grupo das nações com alto índice de desenvolvimento humano (IDH) foi comemorada pelo governo, parlamentares ligados às áreas de educação, saúde e infância, tanto da base quanto da oposição, receberam o resultado com restrições. O governo atribuiu o avanço à sua política social, representada pelo Bolsa Família.
Apesar de evitarem a euforia, reconhecendo que há ainda muito a fazer, ministros expressaram a confiança de que os dados daqui em diante serão ainda melhores e aproveitaram para pedir a prorrogação da CPMF.

O presidente Lula afirmou que os resultados mostram que ele está correto na avaliação de que o Bolsa Família melhora a qualidade de vida, ao permitir acesso à alimentação e exigir compromisso com saúde e educação. Ele se defendeu das críticas sobre brechas no programa, como deficiências de cadastro: - Passados três anos e meio, posso dizer, sem medo de errar, que não sei se existe em algum outro lugar do mundo um programa de transferência de renda com a seriedade do Bolsa Família.

Para Lula, os números do ano que vem serão melhores: - Estou convencido, e muito convencido, de que na hora em que o Pnud apresentar o relatório de 2006, o Brasil vai crescer mais um ponto.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, foi cauteloso:
- Certamente não é só comemoração. Temos que receber a notícia com satisfação, mas com um enorme senso de responsabilidade de que o avanço tem que ser muito maior.

Para o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, o país está fazendo o dever de casa. Ele aproveitou para defender a prorrogação da CPMF:
- Se não, haverá impacto nos programas sociais. Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo celebrou, mas lembrou que o governo ainda tem um grande desafio.
Precisamos crescer, mas também distribuir renda.
O ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, deputado pelo PSDB de SP, disse que o salto do Brasil foi resultado, sobretudo, de políticas iniciadas nos governos de Fernando Henrique e Itamar Franco:
- A educação no governo FH deu uma contribuição muito grande para os índices. Isso se traduziu na inclusão do Brasil entre os que têm alto IDH.

Nos últimos anos, houve uma interrupção nos avanços da área educacional. Precisamos resolver os outros problemas que puxam o Brasil pra baixo.
Deputados alertam para índices negativos
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) alertou para o resultado negativo na área de proteção ambiental e destacou que o país entrou em último lugar no grupo dos que têm alto IDH:
- É para comemorar discretamente e partir para a luta.
A líder do PT e do bloco governista no Senado, Ideli Salvati (PT-SC), aproveitou para fazer campanha pela CPMF:
- Está comprovado que é possível acelerar o combate à desigualdade e isso se deve à aplicação dos recursos da CPMF. E tudo isso poderá ser colocado em risco.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) saudou a notícia sobre o IDH da tribuna:
- Não há, na história recente do Brasil, um cenário econômico e social como este.

Os deputados Rafael Guerra (PSDB-MG) e Rita Camata (PMDB-ES), membros da Frente Parlamentar da Saúde, ressaltaram o fato de o Brasil continuar com índices negativos na área de pobreza, desigualdade, saneamento e mortalidades infantil e materna.

O Globo, 28/11/2007, Economia, p. 26

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.