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Governo admite que não vai conseguir leiloar obras do rio Madeira antes das eleições

Amazonia.org-São Paulo-SP
Autor: Carolina Derivi
29 de Mai de 2006

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, anunciou essa quarta-feira em São Paulo que o complexo hidrelétrico do rio Madeira não entrará no leilão de energia nova previsto para 29 de junho, nem no seguinte, previsto para setembro. O governo espera, entretanto, que a obra seja leiloada ainda esse ano. Com o anuncio do adiamento, Tolmasquim admitiu que há dificuldades em aprovar o licenciamento ambiental dessa e de outras obras previstas para a Amazônia.

A viabilidade econômica e ambiental do projeto das usinas de Santo Antonio e Jirau no rio Madeira vem sendo contestada por diversos setores da sociedade, entre organizações socioambientais, indígenas, acadêmicos e até mesmo investidores em energia elétrica.

"Eu acho que a campanha de resistência tem dado um resultado bem interessante, entretanto essa dificuldade do leilão é a dificuldade inerente à aprovação dos estudos de impacto que são mal feitos", aponta coordenador do Fórum de Debates sobre Energia de Rondônia e organizador da campanha "Viva Rio Madeira Vivo", Artur Moret. Em março, o Ibama solicitou complementações aos estudos de impacto ambiental (EIA/Rima) apresentados pelos propositores do projeto, Furnas e Odebrecht. A requisição do Ibama envolve, entre outros fatores, maior detalhamento sobre a vida útil dos reservatórios, o impacto sobre a fauna e sobre turismo e lazer na região. As complementações foram entregues em abril e até o momento o órgão não apresentou seu parecer.

Interesse eleitoral frustrado

Há, por parte dos opositores do projeto, a percepção de que o governo estaria empenhado em leiloar as usinas do rio Madeira em tempo para as eleições presidenciais, devido à visibilidade do megaprojeto e o histórico de crises energéticas no Brasil. "Eu acho que tem o interesse do governo mostrar força, mostrar que está buscando o aprimoramento do parque hidrelétrico brasileiro, mas o leilão era pra sair em maio, depois foi pra junho, agora só depois de setembro...", considera Moret. E aposta: "Para mim, se as obras não forem aprovadas até a eleição, não serão mais. O governo perde o interesse".

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