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Governador se encontra com suas origens

A Tribuna-Rio Branco-AC
07 de Jul de 2003

O governador Jorge Viana está no comando do Estado há 54 meses, o que dá uma média de 40 mil horas governando o Acre. Mas durante esse tempo todo ele talvez não tenha vivido uma experiência tão mágica e encantadora como a dos últimos três dias e duas noites. Ou algo em torno de 60 horas. Esse foi o tempo que Jorge Viana passou conversando, ouvindo, comendo, bebendo, dormindo e aprendendo, aprendendo muito com os 700 índios da aldeia Yawanawás no município de Tarauacá.

De sexta-feira até hoje, o homem Jorge Viana não fez outra coisa a não ser deixar a alma viver novas experiências num local e com uma comunidade jamais visitados antes por ele.

Antes de experimentar essa nova sensação, o governador do Acre havia tido uma semana de intensa agenda fora do Estado, com destaque para a reunião com o presidente Lula. Desembarcou em Rio Branco quinta-feira à tarde e voou às pressas até Brasiléia onde tinha compromissos por ocasião do aniversário do município festejado sexta-feira (3). Nas primeiras horas desse mesmo dia já estava no aeroporto da capital embarcando para Tarauacá. Como companhias levava apenas o porta-voz Aníbal Diniz e o deputado estadual Moisés Diniz (PC do B).

Jorge Viana não levava discursos, projetos, papéis e mais papéis. Na mala, apenas algumas peças de roupas e apetrechos pessoais comuns a serem usados na floresta, lugar comum para ele, até íntimo, diz sempre o próprio governador que se orgulha de ser o único acreano a conhecer seu Estado de uma ponta a outra. Esqueceu de dizer apenas que a grande família yawanawás ele ainda não tinha visitado.

Para o deputado Moisés Diniz, esse encontro com aquela comunidade indígena serviu para, na prática, revelar que os governos do Estado e do Brasil estão vivendo um momento novo, onde a aproximação com o povo é a grande prioridade. "E essa foi uma das razões que levou o governador a visitar os yawanawás. Isso é fazer um governo perto do povo, ouvindo as pessoas, conversando com os mais velhos, ouvindo seus conselhos, aprendendo com os índios que têm muito a ensinar aos brancos", frisou o parlamentar.

Uma experiência que jamais será esquecida

O deputado Moisés Diniz, neto de ashaninkas, afirmou, sem medo de errar, que essa foi a primeira vez na história do Acre que um governador passou três dias e duas noites entre os yawanawás, "não somente entre eles, mas numa comunidade de índios. Ou alguém tem notícia de que um fato como esse já tenha ocorrido?", questiona o comunista que recebeu todos os votos daquela aldeia. "Só não tive os votos de quem errou na hora de votar. Eu me orgulho de ser o deputado dos índios".

De acordo com Moisés, o que Jorge Viana fez, fora de época eleitoral, sem estar atrás de voto, sem estar querendo algo em troca, jamais foi visto na história do Brasil desde seu descobrimento. "E essa tem que ser a marca de um governo: ficar com as pessoas na sua comunidade, viver com elas suas experiências, conhecer suas raízes. Um governante tem que ter tempo para o povo".

Para o deputado, o governador Jorge Viana vive um momento político extremamente a seu favor. Citou como exemplo a maioria no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa, indicou a ministra do Meio Ambiente, o presidente do Basa, dois dos três cargos mais importantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e outras representações em Brasília, além de um alto prestígio internacional. "Ou seja, por uma questão de comodidade não precisaria ir até uma aldeia, porque dar trabalho chegar lá, não está em campanha, não procura votos para se eleger a nada, podia, no máximo, se tivesse de ir mesmo, ficar uma manhã, cumprimentava as pessoas e voltara para o conforto do gabinete. Mas não, foi, dormiu, ouviu, conversou e viveu três dias que eu tenho certeza, ele jamais vai esquecer, porque a experiência tocou fundo no coração do governador, tenho certeza até que deu uma rejuvenescida na vida estressada que ele tem levado entre compromissos no Acre, viagens para o interior e fora do Estado".

A felicidade estava dos dois lados

A experiência do governador Jorge Viana com os yawanawás foi única porque ele não ficou três dias e duas noites só falando. Ouviu mais que falou, disse o deputado Moisés Diniz. Os índios falaram e o governador ouviu. A felicidade estava dois lados. Do lado de Jorge Viana que provava costumes e tradições diferentes, aprendia com uma comunidade indígena de 700 pessoas e, do lado dos índios que podiam falar, tocar e ouvir o seu governador, o primeiro a pisar as terras da aldeia em toda sua história.

Para o deputado do PC do B, Jorge Viana se encontrou com a origem do Acre. "Ele se encontrou com ele mesmo".

Moisés lembrou que nunca um secretário de Estado, por exemplo, fez o que o governador acaba de fazer numa aldeia indígena. "Ninguém tem notícia de que um secretário tenha ficado três dias ouvindo os índios na comunidade deles, nem um prefeito da região onde fica a aldeia. Mas o governador fez, foi lá e gostou do que viu e viveu".

O caminho da aldeia

Para chegar até a aldeia dos yawanawás o governador Jorge Viana, o porta-voz Aníbal Diniz e o deputado Moisés Diniz fizeram uma viagem de verdadeiro sacrifício, mas de prazer intenso. Depois de desembarcar no município de Tarauacá, os três andaram cerca de 100 quilômetros até a margem do rio Gregório na mesma cidade e depois andaram oito horas num pequeno barco subindo o rio.

O rebanho inseparável

A palavra yawanawá significa "o povo do queixada", que simbolicamente quer dizer "o rebanho inseparável".

Uma aldeia organizada

A aldeia dos yawanawás é, segundo o deputado Moisés Diniz a mais organizada do Acre e talvez do Brasil. Lá tem energia solar, freezer para guardar remédios e vacinas, posto de saúde, todas as crianças freqüentam a escola, além da maior produção de pupunha do estado com mais de 30 mil pés.

Os yawanawás industrializam urucum que já sai embalado para a empresa Formil, sediada em São Paulo. A comunidade trabalha ainda com a industrialização da andiroba, cuja fábrica está localizada no município de Tarauacá.

Viana é recebido com festa na aldeia do Gregório

Os índios Yawanawa da Aldeia Morada Nova no rio Gregório em Tarauacá, tinham perdido praticamente todas as suas tradições e rituais. Graças ao trabalho de lideranças como seu Raimundo Luiz Yawanawa e do cacique Biraci Brasil, os rituais e toda a cultura da tribo está sendo resgate.

A festa de sexta-feira à noite e de todo o dia e noite de ontem, prestigiada pelo governador Jorge Viana, marca exatamente o resgate da história e da cultura do povo, um dos mais tradicionais da região que compreende o alto Tarauacá e o médio Juruá.

Da festa também participaram cerca de 500 índios de outras aldeias da região. Por telefone via satélite, ontem, o assessor de comunicação Aníbal Diniz disse que a festa na aldeia Yawanawa foi a mais bela festa indígena já prestigiada pelo governador desde que assumiu seu primeiro mandato em 1999.

"Nós viajamos de avião até a comunidade sete estrelas e de lá seguimos numa canoa por quatro horas até chegar a aldeia, onde fomos recebidos numa grande festa organizada pela tribo", disse Diniz lembrando que no meio da festa, na sexta-feira à noite, as lideranças da aldeia fizeram uma solenidade para agradecer ao governador Jorge Viana por sua presença na aldeia.

O índio Raimundo Luiz Yawanawa, uma das principais lideranças indígenas da região, ao saudar Jorge Viana, agradeceu sua presença, por ser o primeiro governador a visitar a aldeia e, além disso, ficar dois dias no local prestigiando as festividades da tribo e fez questão de ressaltar que, no período em que a então candidatura de Viana à reeleição em 2003, foi ameaçada de cassação, ficou muito preocupado e fez rituais e celebrações aos espíritos pedindo-os que protegesse o governador, razão pela qual sua presença era ainda mais especial, por se tratar do "governador da floresta", que vem priorizando na sua administração a melhoria da qualidade dos povos que nela vivem, até então esquecidos pelas autoridades.

Viana agradeceu o carinho da comunidade e disse que seu compromisso de trabalhar pelos pequenos, pelos povos da floresta e em especial pelos povos indígenas, continua o mesmo no segundo mandato.

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