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Governador do PT tenta reduzir área indígena

O Globo-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Evandro Éboli
21 de Mar de 2003

O governador de Roraima, Flamarion Portela, é acusado por 13 entidades indígenas de ter se filiado ao PT, há três dias, em troca da garantia de que não será homologada a criação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, uma área de 1,6 milhão de hectares no estado, que desde a semana passada é devastada por incêndios. A identificação e a demarcação da reserva foram concluídas há três anos pela Funai e só falta o decreto presidencial de homologação.

O Ministério Público Federal recebeu um pedido das entidades para investigar as razões da demora na assinatura do decreto e se há, de fato, um acordo entre o PT e Flamarion.

O governador confirmou ontem que pretende reduzir o tamanho da reserva Raposa Serra do Sol. Ele acha que é muita terra para pouco índio:

- Se for homologada como está, a proporção será de um índio para 500 hectares. Antropólogos garantem que 12 hectares são suficientes para um índio sobreviver.

O governador negou qualquer acordo para se filiar ao PT, mas admitiu que há um compromisso de se voltar a analisar o processo de demarcação da área. Segundo ele, autoridades do governo federal anunciaram que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, visitará a área e fará um novo diagnóstico.

- Esse entendimento existe desde o período da transição - afirmou o governador, que quer reduzir a área em 300 mil hectares.

Neste trecho de terra, existem municípios, vilas, estradas e fazendas.

- Não se pode cercear o direito das pessoas de ir e vir. Este pedaço é uma área de produção, que gera desenvolvimento - disse ele.

Incêndio volta a se alastrar pela a terra ianomâmi

O incêndio que atinge as florestas de Roraima se alastrou novamente para dentro da reserva dos índios ianomâmi. Das quatro frentes de combate ao fogo, duas estão em território dos ianomâmis. Segundo o governo, este é o pior incêndio e o de maior proporção desde o que ocorreu em 1998, quando foram destruídos 15 mil quilômetros quadrados de florestas do estado. Desta vez, o fogo já consumiu dois mil quilômetros quadrados.

A perspectiva de debelar o fogo em curto prazo é nebulosa. A previsão do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia prevê chuva apenas para a segunda quinzena de abril. Só com as chuvas o fogo poderá ser completamente extinto.

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