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Gilberto macuxi acusa CIR de trazer índios da Guiana

Brasil Norte-Boa Vista-RR
Autor: POR WIRISMAR RAMOS
03 de Ago de 2004

O tuxaua presidente da Arikon procurou o BrasilNorte para alertar que é insustentável o estado de insegurança que impera na área indígena
Nós não aceitamos isso e, se essa prática continuar, haverá derramamento de sangue", avisa

As entidades indígenas que defendem a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol de forma descontínua (Arikon, Alidcir, Sodiurr e Coping) estão mobilizadas para um possível confronto, que pode ser deflagrado a qualquer momento contra os indígenas ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), defensores da demarcação em área única.
O alerta foi dado ontem à tarde pelo presidente da Arikon (Associação Regional Indígena dos Rios Kinô Kotingo e Monte Roraima), Gilberto Macuxi. Segundo Macuxi, é insustentável o estado de insegurança que impera na área indígena que está prestes a ser homologada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva.
De acordo com Gilberto Macuxi, temendo estar em menor número por ocasião de um possível confronto, o CIR estaria patrocinando a vinda de indígenas da Guiana para a região da reserva em conflito. "Nós não aceitamos isso e, se essa prática continuar, haverá derramamento de sangue", avisa.
O líder indígena afirmou ainda que o confronto pode começar a qualquer momento porque os índios ligados ao CIR não aceitam desmontar a barreira levantada na comunidade de Pedra Branca, em Uiramutã. Além dessa, a Sodiurr (Sociedade dos Índios do Norte de Roraima) já havia montado um posto de fiscalização no Contão, que permanece até hoje.
Para Macuxi, o CIR montou a barreira para afrontar os índios da Sodiurr. "Até agora, estamos apenas fiscalizando quem sai e quem entra na reserva, mas se o CIR continuar nos afrontando, vamos fechar de vez o Contão e vamos tomar a aldeia Maturuca à força", afirma.
Assembléia
O presidente da Arikon, Gilberto Macuxi, afirmou que as entidades indígenas que defendem a demarcação descontínua da reserva Raposa/Serra do Sol farão neste mês de agosto, com data ainda a ser definida, uma Assembléia Geral com todos os tuxauas e lideranças da região a fim de montar um documento definitivo a ser entregue à Justiça em Roraima e ao governo federal, em Brasília.
Ele adiantou que o documento, basicamente, reeditará a proposta de demarcação da reserva em sete ilhas distintas, além de apresentar propostas para o desenvolvimento auto-sustentável dos povos indígenas moradores da região em questão. A idéia foi concebida na XI Assembléia Ordinária dos Tuxauas da Sodiurr, Arikon e Alidcir, realizada no final do ano passado.
Pela proposta, serão criadas sete ilhas e cada aldeia com uma área administrativa; divisão de áreas urbanas e áreas produtivas de arroz e antigos fazendeiros. "É uma solução definitiva para que não haja mais conflitos entre os índios, uma vez que todas as partes serão contempladas", afirma Macuxi.
A XII Assembléia deverá discutir projetos arrojados para o desenvolvimento econômico e social das aldeias. Entre esses projetos, está a construção de uma usina hidrelétrica no Rio Cotingo, na Cachoeira do Tamanduá. Há também a proposta de criação de uma cooperativa de extração mineral pelos índios na reserva.
CIR
Até o fechamento desta matéria, por volta de 20h de ontem, a reportagem do Brasil Norte não conseguiu manter contato com a Assessoria de Imprensa do CIR. O jornalista que responde pela assessoria não atendeu ao celular, apesar da insistência

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