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Gestão de Carlos Minc divide ambientalistas

O Globo, Rio, p. 18
Autor: MINC, Carlos
04 de Fev de 2014

Gestão de Carlos Minc divide ambientalistas
Especialistas dão nota 6,7 para ações do petista à frente do Ambiente

A gestão de Carlos Minc à frente da Secretaria do Ambiente - denominação que ele mesmo deu à pasta, quando assumiu, há sete anos - divide as opiniões de ambientalistas. O GLOBO ouviu cinco especialistas e pediu que eles atribuíssem uma nota de zero a dez às ações do ex-secretário, cuja equipe comandou as ações ambientais no Rio de janeiro de 2007 até ontem. As notas variaram de 4 a 9,5, e o trabalho do petista foi aprovado com ressalvas: nota média de 6,7. O principal avanço lembrado foi a criação do Instituto Estadual do Ambiente (em 2008), juntando os antigos órgãos Feema, Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla).
Na ponta negativa, os ambientalistas destacam que faltou transparência em importantes licenciamentos, como os do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj) e Porto do Açu, de Eike Batista; e houve morosidade nas ações de despoluição das lagoas da Barra e Jacarepaguá.
Na avaliação do advogado ambientalista Rogério Rocco, Minc merece aplausos por ter modernizado o sistema público de gestão ambiental estadual e acertou ao aplicar recursos na ampliação de unidades de conservação. Mas, por outro lado, pecou por licenciar sem o devido cuidado obras importantes, como o Arco Metropolitano.
- A transformação dos três órgãos no Inea é um legado que ele vai deixar para os futuros gestores. O ponto crítico foi a celeridade dos licenciamentos, que comprometeu a transparência e a qualidade desses processos - analisa Rocco, que atribuiu nota 8 à gestão de Carlos Minc e Marilene Ramos (ex-presidente do Inea).
Ex-presidente do Jardim Botânico, Liszt Vieira foi o mais generoso: não titubeou a dar uma nota 9,5 para as ações do ex-secretário. Para Liszt, o amigo "fará muita falta" por sua experiência na área ambiental.
Professor de Direto Ambiental da PUC, Fernando Walcacer avalia que Carlos Minc poderia ter tido "voz mais ativa" em processos polêmicos de licenciamento.
- Houve uma tentativa de dispensa de estudos ambientais (no fim de 2012) a uma perigosa alteração da área de proteção ambiental de Angra dos Reis, favorecendo interesse de proprietários. Ele também podia ter sido mais atuante. Calou-se no processo (municipal) do licenciamento do campo de golfe olímpico. Passa com 6, raspando.
O biólogo e coordenador do Projeto Olho Verde, Mario Moscatelli, fez as críticas mais duras. Ele afirmou que não houve avanços na despoluição das lagoas da Barra e Jacarepaguá e acrescentou que a Baía de Guanabara "continua uma latrina".
- Dou nota 4. Não sei os limites que lhe foram impostos. Não consigo entender como até hoje a Marina da Glória e a Praia de Botafogo são puro esgoto. Ele ficou sete anos no poder, como secretário e como ministro.
Atuante no Norte Fluminense, o historiador ambiental Arthur Soffiati considerou a gestão mediana, dando nota 6.
- Parece que ele (Minc) se dedicou mais às relações políticas do que à restruturação do Inea. Na minha região, vi uma aliança inédita e inusitada: proprietários rurais, pescadores e ambientalistas passaram a ser contra o Inea.

O Rio chegou ao desmatamento zero
Ex-secretário volta à Alerj e diz que houve grandes avanços na política ambiental durante a sua gestão

Carlos Minc

RIO - O deputado estadual Carlos Minc ficou à frente da Secretaria do Ambiente de janeiro de 2011 até esta segunda-feira. Após a saída do PT do governo estadual, a escolha de Indio da Costa foi uma decisão política de Cabral, que queria acomodar o PSD no primeiro escalão. Para ele, houve grandes avanços na política ambiental durante a sua gestão.

GLOBO: Que avaliação o senhor faz da sua gestão na Secretaria do Ambiente?

Eu fiquei quatro anos e quatro meses, e a Marilene Ramos, outros dois anos e nove meses. O meio ambiente deu uma grande repaginada desde 2007. Juntamos três órgãos fracos e criamos o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Em 30 anos não havia tido um único concurso para a área ambiental. Fizemos um concurso, em 2008, no qual entraram 240 funcionários. Estabelecemos também que qualquer licença importante passasse a ser votada por um conselho. O dinheiro do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam) ia para qualquer coisa, menos saneamento. Na nossa gestão, 100% dos recursos passaram a ir para o saneamento. Não houve ingerência política nisso.

GLOBO: Quais os maiores avanços conquistados?

Destaco a agenda verde, das florestas, e a marrom, com avanços significativos na questão do lixo. O Rio chegou a ser o maior desmatador da Mata Atlântica, há dez anos. Hoje temos o menor percentual, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o SOS Mata Atlântica. Chegamos praticamente ao desmatamento zero e dobramos as áreas protegidas de 2008 a 2012. Criamos uma coordenadoria de combate a crimes ambientais, passamos a fiscalizar. E antecipamos o prazo e fechamos os lixões do entorno da Baía de Guanabara.

GLOBO: O senhor disse que mergulharia nas praias de Paquetá este ano. Vai cumprir a promessa?

Com um ano de atraso. O saneamento vai sair, e haverá uma ligação submersa de Paquetá à ETE São Gonçalo.

O Globo, 04/02/2014, Rio, p. 18

http://oglobo.globo.com/rio/minc-rio-chegou-ao-desmatamento-zero-114943…

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