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Geógrafa quer estabelecer 'redes de bioprodução' na Amazônia

Agência Senado - http://www.senado.gov.br
Autor: Marcos Magalhães
08 de Nov de 2011

Aos 72 anos, a geógrafa Bertha Becker entusiasmou uma plateia de adolescentes reunida no Congresso Nacional, nesta terça-feira (8), com propostas inovadoras para o futuro da Amazônia. Para ela, o Brasil deveria tecer uma "rede de cidades da bioprodução", equipada para industrializar produtos provenientes da biodiversidade da região, além de fazer de Manaus o que chamou de uma "cidade mundial", especializada na oferta a todo o mundo de serviços ambientais derivados da floresta amazônica.

- Diante de tantos jovens ela foi a mais jovem entre todos nós - disse a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), presidente da Subcomissão Permanente da Amazônia do Senado Federal, na abertura do 5o Simpósio Amazônia, promovido em conjunto com a Câmara de Deputados, desta vez com o tema "Uma visão jovem para o futuro sustentável da região". A abertura do evento, no auditório Nereu Ramos, contou com a presença, entre outras autoridades, do primeiro secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), do ministro das Cidades, Mário Negromonte, e do governador do Amapá, Camilo Capiberibe.

O tema do primeiro debate do simpósio, presidido por Vanessa Grazziotin, foi o "crescimento sustentável das cidades e a geração de emprego" na Amazônia. Professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desde a década de 1970 se dedica a pesquisar a região, Bertha Becker começou por lembrar que 72% da população da Amazônia vive em núcleos urbanos. Se as cidades exerceram um importante papel na ocupação da região, ela observou, no entanto, não foram até agora capazes de promover o desenvolvimento.

As principais cidades da região, ressaltou a geógrafa, estão ligadas à exportação de produtos naturais, sem agregação de valor. Em sua opinião, as cidades da Amazônia devem unir-se em um esforço de industrialização local e de prestação de serviços ambientais. Ela propôs ainda a criação do Instituto do Coração Florestal, destinado a elaborar estratégias de longo prazo para a região; de parques tecnológicos capazes de agregar valor à produção local; e de uma instituição destinada a promover o processamento de madeiras certificadas.

- Até hoje se exportam produtos da Amazônia sem agregação de valor, e o grande lucro se dá no exterior- alertou Becker.

Açaí

Pouco antes, Camilo Capiberibe havia informado que a grande aposta de seu governo para o desenvolvimento do Amapá está no processamento de produtos derivados da biodiversidade amazônica. Entre eles, o açaí - que já movimenta 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de seu estado - e a castanha-do-pará, além de fibras naturais, produtos para uso em cosméticos, como o pau rosa, e espécies vegetais que podem ser incluídas na fabricação de fármacos.

- O potencial de nossa biodiversidade é enorme - afirmou Capiberibe, lembrando que os produtos da chamada "sociobiodiversidade" já movimentam US$ 1,1 bilhão em todo o mundo, em um mercado que cresce mais de 20% ao ano.

Vanessa Grazziotin lembrou que a Amazônia é a região mais rica do mundo em biodiversidade, além de contar com importantes recursos naturais como grandes reservas de água doce e reservas minerais ainda pouco conhecidas.

- O nosso desafio é explorar esses recursos de forma inteligente e sustentável, com produtos de alto valor agregado que ajudem a promover a melhoria da qualidade de vida na região - afirmou a senadora.

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