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General diz que Amazônia é mais popularizada no exterior

Folha de Boa Vista-RR
Autor: Carvílio Pires
11 de Dez de 2001

O I Simpósio sobre Estratégia da Resistência e Mobilização da Vontade Nacional em Defesa da Amazônia foi encerrado ontem, na 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
Um dos palestrantes do dia foi o general Jarbas Bueno da Costa, comandante de operações do Comando Militar da Amazônia (CMA). Segundo ele, para a maioria dos habitantes da região Sul, a Amazônia ainda é uma grande desconhecida.
Para o general, enquanto a Amazônia é desconhecida dos brasileiros, está popularizada nos países mais desenvolvidos do mundo em função da carga de propaganda. Neste caso, defende a necessidade de se produzir informações para consumo interno, dando a dimensão exata do que é a região, seus problemas, vantagens e importância para o país.
"Na questão da fronteira, cuidamos bem dela. O Calha Norte está injetando recursos para melhorar as condições. O Exército está presente na região, e apesar da crise financeira vivida por todas as instituições federais não deixamos faltar nada para os homens destacados nos postos mais avançados. Preocupa-me mais em não deixar faltar carne em Quirari, Surucucus ou Auaris do que para qualquer Batalhão de Infantaria de Selva, ou para o Centro de Instrução de Guerra na Selva".
Na avaliação do general, o Ministério da Defesa e o Exército têm preocupação constante com as fronteiras da Amazônia. Argumenta que o programa Calha Norte foi praticamente enterrado, mas agora está sendo reavivado com grande soma de recursos, não só para a parte militar dos pelotões especiais como também para o desenvolvimento das cidades da fronteira, com apoio do BNDES, criando condições para fixar o homem, vivificando a região, que é desabitada.
Disse o general Jarbas que a vivificação das fronteiras é a melhor alternativa de dar aos brasileiros o sentido pátrio de valorização da região. "Nos países vizinhos existe um grande vazio. Julgando por eles, percebemos que estamos bem. Ainda assim, é importante marcar nossa presença com populações indígenas e não-indígenas, possibilitando o imediato reconhecimento quanto à soberania do Brasil".
O comandante de operações do CMA informa que o convívio do indígena na comunidade nacional é um fato importante, principalmente para eles. Acredita que a opinião de antropólogos de querer manter o indígena no estágio primitivo é utópica, mesmo os bem intencionados.
"Para o índio aculturado, conviver e desfrutar dos bens da civilização moderna é bom para eles. Nos nossos pelotões verificamos que os índios querem energia elétrica, televisão. Agora, aos poucos índios primitivos, não sei se seria bom atraí-los para o convívio com a sociedade. O Exército defende a idéia de que o índio é quem deve decidir se quer ou não se integrar à sociedade moderna. É incompreensível deixar que um antropólogo da Funai - na maioria das vezes gente do sul, que desconhece a Amazônia - decida por ele. É preciso considerar sempre que o índio é um cidadão brasileiro com todos os direitos".
PREPARO - Sobre discursos enfocando a possibilidade de internacionalização, o general disse que há um risco. Por isso, como responsável pela defesa da pátria diante da possibilidade de quebra da soberania, o Exército tem se preparado.
No aspecto militar, tem sido exercitada a estratégia da resistência, discutindo aspectos táticos, técnicos e como conduzi-la em face de um inimigo com poder militar superior ao nosso.
"Aos militares cabe se prepararem. Para nós seria ótimo se nunca houvesse o risco efetivo de alguém querer impor a internacionalização da Amazônia pela força militar. Mesmo assim, temos que estar preparados, ainda que a hipótese seja pouco provável", analisou.
"Quanto à presença de organizações não-governamentais na Amazônia, é uma realidade que não podemos omitir. Chega, sim, gente de fora que quer mudar conceitos, idéias e modo de viver, principalmente do índio, a parte mais susceptível na absorção de novas idéias", complementou.

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