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Gas venezuelano e opcao do Pais

OESP, Economia, p.B5
12 de Set de 2005

Gás venezuelano é opção do País
PDVSA quer alternativas ao mercado americano e Petrobrás já tem projeto gigante de gasodutos
Nicola Pamplona
Mais de 8 mil quilômetros (km) de gasodutos cortando todo o território brasileiro, com capacidade de transporte de 150 milhões de metros cúbicos (m³) de gás natural e investimentos de US$ 18 bilhões. Gás da Venezuela para abastecer Buenos Aires, Montevidéu, além das Regiões Norte, Nordeste, CentroOeste e Sul do Brasil.
O projeto é da área de gás e energia da Petrobrás, já apresentado ao Ministério de Minas e Energia. O plano é aproveitar as fartas reservas venezuelanas de gás para desenvolver o mercado do Cone Sul. A idéia surgiu no 3o Fórum de Estatais de Petróleo, este ano no Rio. Em conversa com o diretor da estatal venezuelana PDVSA, Eulogio Delphino, o diretor de gás e energia da Petrobrás, Ildo Sauer, soube do interesse de seus interlocutores em buscar alternativas ao mercado norte-americano.
São 4,15 trilhões de m³, dez vezes as reservas brasileiras. Considerando uma produção local de 80,5 milhões de m³ cúbicos por dia, diz o estudo, a Venezuela consumiria só 30% de suas reservas em 40 anos. Com a crise boliviana, que restringiu as vendas de gás para o Brasil, a Argentina e, conseqüentemente, o Chile, Sauer decidiu avaliar a alternativa.
Segundo texto de apresentação do projeto, ao qual o Estado teve acesso, o gasoduto permitiria a 'estabilização do mercado de gás em toda a região sul do continente, permitindo criar condições para uma solução negociada para a questão de abastecimento de gás natural do Chile'. O mercado chileno, o mais prejudicado pela crise boliviana, é ligado à rede de transporte de gás da Argentina e, por essa via, receberia o combustível importado da Venezuela. Em princípio, a idéia não agradou a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.
Ela preferiu apoiar o transporte do gás peruano do Campo de Camisea, um projeto batizado de Anel do Gás. No estudo sobre o gás venezuelano, porém, a equipe de Sauer garante que o combustível chegaria ao País com preços competitivos, em virtude do baixo custo da commodity e da otimização dos custos de transporte, reflexo do grande volume transportado na tubulação. Segundo cálculos preliminares, o gás venezuelano pode custar US$ 2,60 por milhão de BTU (medida de poder calorífico), ante US$ 3,60 do boliviano.
O projeto se divide em três etapas. Na primeira, de 4,3 mil km, o gás venezuelano passaria pelo Amazonas e Pará e se conectaria à rede de gasodutos do Nordeste em Fortaleza. Na segunda, uma tubulação de 1,97 mil km sairia de Marabá, no Pará, rumo a Penápolis, em São Paulo, cortando Tocantins, Goiás e parte de Minas Gerais. Em Penápolis, encontraria com o Gasoduto BolíviaBrasil (Gasbol), fechando um anel entre as reservas da Venezuela, Bolívia e Brasil.
A terceira etapa prevê um traçado paralelo à perna Sul do Gasbol, cortando a porção Oeste dos três Estados da região Sul até Durazno, no Uruguai. De lá, dois ramais sairiam para Montevidéu e Buenos Aires. Esse trecho teria capacidade para transportar 50 milhões de m ³ de gás natural por dia. A extensão para os países do Cone Sul, porém, depende da negociação de tratados multilaterais para garantir o suprimento do combustível mesmo em tempos de crise nos países envolvidos.
O projeto garantiria uma receita adicional de exportações de petróleo e derivados da ordem de US$ 9 bilhões caso o gás venezuelano seja destinado a substituir outros derivados.

OESP, 12/09/2005, p. B5

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