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G-8 'se compromete' a atacar aquecimento

FSP, Ciência, p. A22
09 de Jul de 2005

G8 "se compromete" a atacar aquecimento
Tony Blair consegue atrair EUA e emergentes para combate ao efeito estufa, mas metas seguem vagas e sem prazo

DO "INDEPENDENT"

O governo britânico conseguiu transformar num relativo sucesso a declaração sobre mudança climática feita ontem pela cúpula do G8. Em Gleneagles, na Escócia, tanto os Estados Unidos (que antes nem reconheciam a existência do aquecimento global) quanto os grandes emissores de gases-estufa do Terceiro Mundo, como a China e a Índia, concordaram que é preciso agir contra o problema.
Segundo o Reino Unido, teria surgido "um novo diálogo" entre os países ricos e as nações emergentes sobre o tema, que continuaria durante um encontro que o país também vai abrigar no próximo dia 1o de novembro. A idéia é manter os esforços para combater o aquecimento global no topo da agenda do G8.
No entanto, o pacote de medidas contra a mudança climática ficou muito abaixo do pedido por cientistas e organizações ambientalistas, que acusam o presidente americano, George W. Bush, de sabotar o processo. Bush deixou Gleneagles sem mudar sua posição sobre o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Nele, os países teriam de reduzir suas emissões em 5,2% com relação aos valores de 1990.
"Nunca vamos conseguir resolver o desacordo em relação a Kyoto ou renegociar um conjunto de metas internacionais no lugar de Kyoto durante este G8", afirmou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. Mas Bush assinou a declaração conjunta dos países-membros reconhecendo o problema e propondo maneiras de lidar com ele. Segundo Blair, "se não conseguirmos fazer com que os Estados Unidos, a Índia e a China ajam, não haverá possibilidades de resolver essa questão". Uma das grandes críticas do governo Bush ao plano é a falta de compromisso dos países emergentes na redução de emissões.
Compromisso vago
No encontro do G8, China, Índia, México, Brasil e África do Sul participaram das discussões sobre clima, mas não são signatários do documento final. O texto diz que o G8 está "comprometido" com a redução, contenção e reversão da mudança climática, mas não estabelece datas ou prazos. O plano traçado em Gleneagles menciona a necessidade de enfrentar o desmatamento ilegal e promover o uso de combustíveis mais limpos e tecnologias que gastem menos energia.
Em seu sumário, Blair afirma: "Todos nós concordamos que a mudança climática está acontecendo agora, que a atividade humana contribui para ela e que o fenômeno pode afetar todas as partes do globo". No entanto, os americanos conseguiram remover do texto algumas frases-chave, inclusive a afirmação da abertura do primeiro rascunho, "nosso mundo está se aquecendo", e também a que dizia que a mudança climática representa uma ameaça "urgente" para a Terra. O presidente francês, Jacques Chirac, e o chanceler (primeiro-ministro) alemão, Gerhard Schröder, insistiram que houvesse uma referência às metas de Kyoto, mas ela foi colocada no fim do texto.
Representantes do movimento ambientalista criticaram Blair por ter destacado a importância da questão climática sem conseguir mais avanços. "Estamos desapontados. O G8 está fazendo água. Bush não mudou de posição. Os outros membros do G8 também não mudaram, mas pelo menos eles não desceram ao nível de Bush", afirmou Stephen Tindale, da ONG Greenpeace.

FSP, 09/07/2005, Ciência, p. A22

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