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Furnas construirá hidrelétricas em Roraima

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Ricardo Rego Monteiro
05 de Mar de 2003

Usinas permitirão integração econômica com Venezuela. Dívida de distribuidoras preocupa

Furnas Centrais Elétricas, que completou 46 anos na última sexta-feira, dispõe de um orçamento de R$ 1,2 bilhão neste ano. Os recursos são insuficientes para viabilizar projetos que afastem o fantasma de um novo racionamento. Mesmo assim, a geradora federal vai concluir nos próximos dias o esboço daquele que poderá ser o primeiro investimento da gestão José Pedro Rodrigues, no comando da companhia desde janeiro: as usinas hidrelétricas de Girau e Santo Antônio, localizadas em Roraima, às margens do Rio Madeira.

Os projetos, de valores ainda não revelados, poderão não só ampliar a capacidade instalada do subsistema Norte-Nordeste com um total de 7 mil megawatts (MW), como também garantir a navegabilidade do Rio Madeira até o trecho da fronteira com a Venezuela. O presidente da companhia já começou a estudar as alternativas de financiamento para as duas usinas, cujos projetos deverão ser apresentados oficialmente no próximo dia 11. O problema é que, além dos cortes para ampliar o superávit primário, promovidos pelo Ministério da Fazenda, a empresa também vive hoje problemas de inadimplência que já começam a afetar seu caixa.

Créditos a receber de companhias estaduais, como as distribuidoras Celg (GO) e CEB (DF), tornaram-se problemas para Furnas. Após dois anos sucessivos de lucros recordes, a geradora foi obrigada a renegociar com Itaipu Binacional e Eletrobrás os valores referentes à comercialização da energia da maior hidrelétrica da América Latina. Responsável pela comercialização no Brasil da energia de Itaipu, Furnas tem a receber pelo menos R$ 600 milhões, só das duas distribuidoras do Centro-Oeste, pelo repasse dessa carga. Sem os R$ 600 milhões, a geradora enfrentará dificuldades para pagar Itaipu.

Rodrigues acertou, há duas semanas, um memorando de entendimentos com as duas distribuidoras. O acordo visa garantir a normalização do pagamento da energia gerada pelas usinas de Furnas - créditos que somam R$ 465 milhões. O executivo revela, no entanto, que os entendimentos com os governos de Marconi Perillo (GO) e Joaquim Roriz (DF) ainda não foram concluídos. Falta acertar o pagamento da energia de Itaipu. A expectativa de Rodrigues, que falou com exclusividade ao Jornal do Brasil, é de que em 60 dias se chegue a um acordo para pagamento da energia binacional. Do contrário, o primeiro acerto - para pagamento dos R$ 465 milhões pela energia de Furnas - deixará de valer, segundo Rodrigues.

O presidente de Furnas se esquiva de responder o que a diretoria da geradora poderá fazer caso não haja acordo em 60 dias. Também não revela as fontes de recursos para novos projetos, como as usinas de Girau e Santo Antônio. Limita-se apenas a demonstrar confiança não só no caráter transitório dos cortes orçamentários do Ministério da Fazenda, como também na possibilidade de uma solução com as duas distribuidoras estaduais. O problema, lembram ex-executivos da Eletrobrás, é que Furnas já assinou, nos últimos dois anos, pelo menos cinco acordos com os governos de Goiás e Distrito Federal, para pagamento das dívidas com a geradora. Com o tempo, no entanto, tornaram-se letra morta.

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