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Funasa percorre aldeias onde mortalidade é alta

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: DANIEL PETTENGILL
30 de Abr de 2003

Para cada mil crianças nascidas na etnia kaiapó, 108 morrem segundo a Funasa

O coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde, Sérgio Henrique Allemand Motta, que está visitando aldeias

A região que apresenta o mais alto índice de mortalidade infantil entre índios em Mato Grosso abriu o roteiro de uma série de visitas do coordenador regional da Funasa a aldeias do Estado.

Sérgio Henrique Allemand Motta esteve na última semana em Colíder (648 quilômetros de Cuiabá), onde visitou o Distrito Sanitário Indígena (DSEI) dos índios kaiapós. Sérgio foi conhecer de perto a estrutura e as atividades desenvolvidas pelo distrito, que é autorizado pela Funasa para proceder o atendimento médico aos indígenas da região. O local sofre com os alarmantes índices de mortalidade entre crianças nas aldeias, problema agravado pela falta de acompanhamento adequado do período de gestação e pelas condições inóspitas de higiene. Muitas mães índias não fazem o pré-natal dos bebês porque não têm acesso a unidade de saúde.

Números atualizados revelam que 108 de cada 1 mil kaiapós morrem logo após o nascimento, a maior entre todas as etnias. Entre os Xavantes, o índice também é alto: 99 por mil.

"Temos como meta principal reduzir essa proporção pela metade nos próximos três anos. E para isso temos que conhecer a realidade de todos os povos do Estado", afirma Sérgio. Ele enfatiza que todos os números gerais de doenças que se abatem sobre os "brancos" são duas vezes maiores entre os índios. "Os maiores fatores que agravam esse quadro são as infecções respiratórias, a tuberculose, o alcoolismo e a desnutrição", enumera. No DSEI de Colíder, as condições estruturais para o atendimento aos kaiapós são consideradas boas pelo coordenador. A entidade, que obedece a configuração de uma ong, possui um médico, três enfermeiros e um odontólogo para atuar na região.

Ainda assim, Sérgio constatou, em sua visita, que grande parte das aldeias não tem postos de saúde e alojamento adequados, além de faltar medicamentos e não existir saneamento básico. Essas e outras demandas foram discutidas com servidores e representantes dos municípios de Colíder e Peixoto de Azevedo, que enfrentou um aumento da população indígena depois da chegada dos índios terena ao local. A Funasa dispõe em 2003 de um orçamento próximo a R$ 200 milhões. Amanhã o coordenador regional da Funasa viaja para a DSEI Xavante em Barra do Garças e depois segue para Canarana, onde estão os índios Xingu.

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