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Funasa investiga por que a gastroenterite atacou apenas crianças menores de 6 anos

O Tempo - http://www.otempo.com.br/hotsites/indio2/
Autor: FLÁVIA MARTINS Y MIGUEL
22 de Fev de 2010

Santa Helena de Minas. Um novo surto de gastroenterite na tribo maxakali poderá ocorrer no próximo verão, caso as condições sanitárias dos índios permaneçam as mesmas. O diagnóstico foi dado pelo médico da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) Jaime Valencia, no Polo Base do órgão em Machacalis, no Vale do Mucuri, depois de visitar hospitais e aldeias.
"As condições de higiene não são boas aqui. Pode ser que no final do ano tenhamos outro surto se a vigilância não permanecer constante, se não continuarem monitorando a água", afirmou o especialista colombiano.
Do total de 320 crianças menores de 6 anos nas dez aldeias, 64% foram vitimadas pelos sintomas de diarreia, febre e vômitos. A desnutrição e os maus-tratos sofridos pelos menores, de acordo com Valencia, foram fatores fundamentais para que o quadro se agravasse na região.
"O surto é um problema que se arrasta há algum tempo. A gente vem aqui, aponta os riscos. No entanto, a questão estrutural não é revista. É cesta básica para lá, cesta básica para cá, e nada é feito. Os problemas de saúde não se resolvem só com médicos e enfermeiros", criticou.
Estrutura.  improviso foi uma das formas para realizar o atendimento das mais de 75 crianças que lotaram os hospitais de Águas Formosas, Machacalis e Santa Helena de Minas. No hospital Cura D'Ars, o garoto chamado de Doutorzinho Maxakali, de 11 meses, estava com 39 oC de febre e desidratação enquanto era atendido em um colchão no chão com restos de comida espalhados. "A gente teve que transferir muitas crianças para outros hospitais da região. Não tínhamos leito para todo mundo", afirmou o enfermeiro Ednardo Silveira.
O choque cultural entre médicos, enfermeiros e índios chegou a dificultar o tratamento de algumas crianças no hospital São Vicente de Paula, em Águas Formosas. Dois bebês morreram, no mês passado, horas depois de dar entrada na unidade de saúde. As mães dos pacientes chegaram a ameaçar com paus a equipe médica. "Pedimos para a Funai e a Funasa trazerem alguém que traduzisse o que a gente falava, mas não veio ninguém", afirmou o chefe de enfermagem, Armândio Dias.

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