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Funasa ainda investiga total de mortes relacionadas à desnutrição entre índios guarani

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Spensy Pimentel
14 de Mar de 2005

A Fundação Nacional de Saúde ainda apura o número total de crianças indígenas guarani-kaiowá mortas desde o início do ano após terem sido internadas apresentando sintomas relacionados à desnutrição. As estatísticas divulgadas até agora são parciais, porque há atestados de óbito com dados incompletos e informações imprecisas. Além disso, existem suspeitas de que parte das mortes tenha se dado em função de complicações surgidas durante o tratamento hospitalar.

Uma comissão nomeada pela Prefeitura de Dourados (220 km a sudoeste de Campo Grande) deve iniciar hoje investigações no Hospital da Mulher, unidade em que morreram cinco crianças guarani-kaiowá desde janeiro. Na semana passada, técnicos do Ministério da Saúde visitaram a unidade. O relatório que eles produziram ainda não foi divulgado, mas, a partir das avaliações preliminares, a Funasa já recomendou a análise à Prefeitura de Dourados.

Segundo a fundação, duas crianças indígenas que morreram na Ala Pediátrica do Hospital da Mulher foram internadas com diarréia e vômito, mas apresentaram como causa mortis "pneumonia por broncoaspiração" - infecção iniciada quando a criança inala comida ou
líquido para os pulmões, e que pode ser indício de descuido no momento da alimentação. Por prevenção, a Funasa está transferindo para outras unidades todas as crianças indígenas ainda internadas no Hospital da Mulher.

A Funasa também está examinando os atestados de óbito das crianças indígenas mortas desde o início do ano. Há informações incompletas e, pelos registros, não é possível saber, por exemplo, se uma criança ficou desnutrida depois de ter contraído uma determinada infecção (doentes, a criança tem dificuldade de se alimentar) ou se ela ficou doente em conseqüência da falta de alimentação. Além disso, segundo a Funasa, é incorreto dizer que uma criança morre "de desnutrição". O que existe são mortes que decorrem de problemas de saúde surgidos no corpo do desnutrido, que fica enfraquecido.

Hoje, em Dourados, há quase 40 crianças guarani-kaiowá internadas num Centro de Recuperação Nutricional, localizado na área da reserva indígena local. Segundo a Funasa, desde que se iniciaram as medidas emergenciais para prevenir novas mortes de crianças indígenas relacionadas à desnutrição, o número de internações caiu de 12 por semana em fevereiro para quatro nas duas primeiras semanas de março.

A Funasa também divulgou o resultado do mapeamento realizado entre 515 crianças guarani-kaiowá no sábado, na aldeia Tey Kue, em Caarapó. Foram encontradas 12 crianças desnutridas e 45 em situação de "risco nutricional".

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