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Funai vai triplicar a área da Reserva Indígena de Dourados

Cone Sul News-Campo Grande-MS
16 de Ago de 2005

Os índios das aldeias Jaguapiru e Bororó estão autorizados pelo Incra e Funai a agilizarem a compra de mais 6.000 hectares de terra, de preferência, vizinhas as aldeias de Dourados, para que possam triplicar o tamanho da Reserva Indígena de Dourados. Uma comissão denominada "Comissão de Direito da Terra Indígena" voltou animada ontem de Brasília. Até mesmo um veículo foi locado exclusivamente para que os índios percorram as fazendas para que possam manter contato com os fazendeiros na negociação das áreas.
A preferência deles é pelas terras que fazem vizinhança com a Reserva Indígena de Dourados. "Nós estaremos procurando para comprar, mas acredito que a melhor saída para estes fazendeiros é resolver vender suas terras, porque depois eles correm o risco de alguma invasão, pelo menos vendendo para o governo eles estarão com o dinheiro na mão", disse o cacique Renato de Souza, que faz parte da Comissão.

Hoje a Reserva Indígena de Dourados, que tem uma população de 11.000 guaranis, caiuás e terenas, mede apenas 3.240 hectares. Com a aquisição de mais 6.000 hectares a Comissão pretende distribuir mais 20 hectares para cada família de indígena sem-terra. "Muitos patrícios estão sem nenhum pedaço de terra", contou Renato.

O levantamento para compra de propriedades rurais pode atingir tanto os municípios de Dourados como Itaporã. O que os indígenas não querem é habitar lugares distantes de suas raízes. Culturalmente eles também não aceitam viver longe dos cemitérios, onde estão enterrados os seus ancestrais.

A ampliação da Reserva Indígena de Dourados foi obtida através de uma parceria em Brasília, entre a Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 6a Câmara da Procuradoria Federal e Câmara dos Deputados. As terras serão adquiridas como se fossem para os brancos em processo para fins de reforma agrária. Esta é uma maneira de facilitar a aquisição das propriedades e fugir dos trâmites burocráticos. Os índios abriram mão de solicitar um levantamento antropológico nas áreas vizinhas a Reserva Indígena, convencidos de que seria um processo demorado e desgastante para as partes.

Há cerca de um mês um protesto aconteceu na rodovia MS-156, de acesso entre Dourados e Itaporã, que foi bloqueada por lideranças indígenas quando os guaranis e terenas deram um prazo para que a Funai realizasse um levantamento em várias áreas vizinhas a Reserva, que teriam pertencido a eles no passado.

Vinte dias depois as lideranças indígenas Guaranis, Caiuás e Terenas se reuniram na Escola Tengatui Marangatu (Aldeia Jaguapiru) para começar a traçar estratégia para lutar pela ampliação da Reserva Indígena de Dourados. A reunião contou com a presença do Procurador da República Charles Estevan da Motta Pessoa.

Um novo encontro entre as partes aconteceu à portas fechadas na sede da Procuradoria Federal. Foi aí que ficou definido que os índios não iriam realizar nenhuma atitude precipitada com relação as terras vizinhas, como invasão, por exemplo. "Os proprietários não têm culpa desta situação em que estamos vivendo, nem nós; agora, com a compra, não haverá problemas", disse Renato.

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