Funai tenta hoje acordo com Maxacali

Técnicos da Funai vão tentar hoje um acordo com a liderança de cerca de 200 índios Maxacali que ocuparam na quinta-feira uma fazenda no Norte de Minas. Os índios teriam feito três reféns para pressionar o Governo a demarcar área da fazenda Montes das Oliveiras, a sete quilômetros do município de Santa Helena de Minas, no Vale do Jequitinhonha.
A ocupação levou a polícia a intensifica a segurança na entrada da fazenda. Embora temam conflito, moradores estão decididos a permanecer. A definição do impasse, segundo o administrador da Funai em Governador Valadares, Waldemar Adilson, seria tentada hoje, com o envio de uma equipe ao local.
Ana Alves, que mora na fazenda invadida, informou a emissoras de TV da região que a mãe dela, a irmã e o cunhado estão em poder dos índios. Mas a Funai desmente a versão. Segundo Adilson, a ocupação é pacífica e os índios asseguraram que pretendem apenas evitar a entrada de pessoas no local.
Situadas nos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas, as terras dos índios Maxacali são ocupadas hoje por população estimada em 900 indivíduos, divididos em duas comunidades (Água Boa e Pradinho).
De origem semi-nômade, os Maxacali eram exímios caçadores e coletores. As terras que eles ocupam hoje estão praticamente devastadas (80% delas ocupadas por pastagens, águas contaminadas e rios assoreados). Sem contar com recursos naturais para sobrevivência, os índios passaram, nas últimas décadas, a se envolver com problemas que se tornaram crônicos, como o consumo excessivo de bebida alcoólica.
A própria Funai admite que crianças com menos de dez anos são vítimas do alcoolismo. Relatos de agentes da Funai revelam que os índios consomem até álcool combustível.
Em agosto do ano passado, um grupo de Maxacali chegou a incendiar um carro que transportava uma equipe da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), nos limites de Santa Helena de Minas, devido a uma suposta interferência em uma briga entre outro grupo rival