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Funai se recusa a participar de encontro

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
26 de Jan de 2004

Mesmo com seu coordenador, Johaness Eck, tendo afirmado que a incumbência do GTI não é tratar da questão da Raposa/Serra do Sol (RSS), mas apenas do repasse das terras da União para o Estado, o grupo se reuniu, no sábado, 24, com entidades indígenas, políticos, empresários e representantes de setores produtivos para discutir a problemática que envolve a demarcação da reserva indígena.
A rodada de debates que fechou a visita do GTI em Roraima aconteceu no sábado à tarde, com os gestores dos órgãos federais (MPF, Ibama, Funai e Incra). Desses quatro, apenas a representante da Funai, Ana Paula Sotto Maior, se recusou a participar da audiência. Ela alegou que havia sido convidada para uma reunião técnica fechada com o GTI e não para uma audiência aberta. Disse, ainda, temer a "manifestação hostil" da platéia e se retirou do local do encontro, alegando ter sido ameaçada.

O (CIR) Conselho Indígena de Roraima e a Diocese também não participaram dos debates. Somente as entidades indígenas Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios do Norte de Roraima), Alidcir (Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima) e Arikom (Associação Regional Indígena dos rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima) compareceram para manifestar a sua posição contrária à homologação.

Vários foram os depoimentos de índios que vivem na região. Eles expuseram sua discordância em relação a forma de homologação anunciada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O ministro reafirmou, no dia 9 de janeiro, após reunião com a bancada federal e o governador Flamarion Portela, que a terra indígena (TI) será homologada em área contínua.

Na conversa com o GTI o vice-prefeito de Uiramutã, o índio macuxi José Novaes, disse ser mentirosa a afirmação do presidente nacional da Funai, Mércio Pereira Gomes, de que a maioria dos índios que vivem na região quer a homologação contínua. Defendeu que sejam excluídos da reserva indígena os Municípios de Uiramutã, as estradas e as áreas de produção de arroz. Demonstrando indignação, José Novaes afirmou que "os índios não confiam mais nas autoridades de Brasília".

"Se acabarem com o Município de Uiramutã, só restará miséria para os índios. Lá (em Uiramutã) nós produzimos feijão e lutamos pela nossa sobrevivência. Por isso, vamos lutar a qualquer preço pela nossa terra e pela nossa água, que existe em abundância naquela região", disse o líder indígena. "Se desrespeitarem o nosso direito, as coisas vão ficar piores em Roraima", ameaçou. (L.V)

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