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Funai reúne-se com índios Xavante dentro da área retomada

Funai
27 de Set de 2006

No domingo 24 de setembro, o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, junto do Diretor de Assistência (DAS), Slowacki de Assis, o Coordenador Geral de Meio Ambiente e Patrimônio Indígena (CGPIMA), Izanoel Sodré, visitou a aldeia Xavante de Marãiwatséde e reuniu-se com seus líderes, entre eles o cacique Damião Paradzné. Somente há dois anos, com o apoio da Funai, os índios conseguiram entrar na área da qual tinham sido expulsos há 40, embora a terra estivesse homologada desde 1998. "A retomada dessa terra é a maior vitória do indigenismo dos últimos anos", afirmou Gomes na abertura de seu discurso. "Tenho muito orgulho de vir aqui e estar ao lado de vocês".

A recepção da comitiva foi feita por homens da aldeia, todos pintados com urucum e jenipapo e usando os tradicionais trajes Xavante, como a gravata de algodão dañorebzuá. No entanto, foram surpreendidos por um fato belo e marcante: cerca de cem crianças de mão dadas, em círculo, a cantar juntas músicas de seu povo, auwê uptabi, o "povo verdadeiro". Ao lado delas, alguns mais velhos apenas ditavam o ritmo dos pés no chão. A alegria das crianças era espontânea e cativante. Pouco antes estavam a correr e a brincar. Mas vieram cantar e abraçar os visitantes. Alguns anos atrás, essa cena não existiria. "Desde que a gente voltou para cá já nasceram muitas crianças, e elas vão ter a chance de crescer no mesmo lugar onde os avôs delas cresceram", disse Damião.

O objetivo do encontro era discutir a situação da Terra Indígena Mariwatséde, que ainda possui grande parte de sua área invadida. São mais de 20 fazendas, e cerca de três mil posseiros. O desmatamento do cerrado é chocante, e não bastasse o que passou, a violência ainda aflige os índios. "Nessa seca atearam fogo no mato, e quase incendiou a aldeia inteira, foi muito triste", contou Zeferino, irmão de Damião.

Há uma ação na Justiça há mais de dez anos, de autoria da Funai e do Ministério Público, que busca a extrusão da área, mas ainda não foi julgada. Outro empecilho é a necessidade de assentamento dos posseiros invasores em outras áreas, que ainda não foram definidas. Além, é claro, da resistência dos invasores em deixar a área.

Iniciada no início da tarde, a reunião estendeu-se até tarde da noite, hora em que os homens fazem as tradicionais reuniões diárias. A pauta das discussões era variada, e girava em torno de todos os projetos que estão sendo feitos pelo Núcleo de Apoio de Ribeirão Cascalheiras, chefiado pelo sertanista Denivaldo da Rocha, e pela Administração Regional de Goiânia, coordenada por Edson Beiriz. Entre os projetos, há o plantio de arroz, a construção de novas casas, e a doação de equipamentos como um trator, um veículo de transporte para vigilância, e um caminhão, que foram reivindicados pelos índios.

No entanto, a expectativa do encontro era o retorno da cúpula da Funai de Brasília para ser recebida pelo povo guerreiro de Marãiwatséde. Após dar apoio irrestrito à mobilização do grupo para a retomada de sua terra, quando ficaram acampados mais de oito meses na beira da estrada à espera de uma decisão judicial, era evidente a satisfação dos indigenistas e o orgulho do atual presidente da Funai com a luta desse povo. "Recebo de forma natural, e fico muito feliz, com as reivindicações materiais que vocês fazem. Vocês estão dentro de sua terra, de onde foram expulsos. Agora, querem desenvolver e se readaptar, e para tudo vocês vão ter o nosso apoio", disse Mércio Gomes.

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