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Funai reage à Anistia

CB, Brasil, p. 18
31 de Mar de 2005

Funai reage à Anistia

Paloma Oliveto
Da equipe do Correio

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, reagiu com indignação às críticas feitas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Anistia Internacional no relatório Estrangeiros em seu próprio país, lançado ontem em Londres. O documento acusa a administração petista de repetir erros do passado em relação aos povos indígenas e até mesmo de agravar a situação dos índios.
"O relatório tem um tom ideológico muito grande. Evidentemente, foi elaborado com sugestões das organizações não-governamentais indigenistas, a partir de um discurso espantoso, que dá a entender que o Brasil é um país antiindígena. Parece até que ainda estamos na época da ditadura militar", criticou Gomes. Ele conta que, em nenhum momento, a Funai foi consultada pela Anistia sobre as políticas públicas voltadas para os índios.
O presidente da Funai cita o crescimento da população indígena - 3,5 por ano, o dobro da média nacional - como argumento de que os índios não correm risco de serem eliminados, ao contrário do que alega a Anistia Internacional. "Quanto às políticas públicas, a Funai paga 1,3 mil matrículas e mensalidades a índios em universidades. O governo abriu cotas para eles nas federais. Isso não é fazer política pública?", questionou.
Gomes acredita que a Ong sediada na Inglaterra não reconheceu os avanços da atual administração. Ele garante que, até o final do ano que vem, todos os territórios indígenas serão demarcados. "Vai ser uma glória para o Brasil", disse.
Para o vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitoza, a análise da Anistia Internacional está completamente de acordo com a realidade do país. "Não existe uma política do governo brasileiro para os povos indígenas. É uma herança maldita, pois os índios sempre foram vistos como um entrave ao estado".
Feitoza disse ainda que o governo petista faz "propaganda enganosa" quanto ao número de terras demarcadas. "Foram apenas 11, de 2003 a 2004. O governo diz que fez quase 50 homologações, mas só aproveitaram as portarias que já existiam", afirmou. Segundo a Funai, 48 terras foram homologadas e 43 estão em processo de demarcação.

O número
Terras indígenas 43 áreas estão em processo de demarcação, de acordo com a Funai

CB, 31/03/2005, Brasil, p. 18

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