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Funai demarca mais duas áreas indígenas no Estado de Roraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: CARVÍLIO PIRES
09 de Jan de 2005

O crescimento das terras indígenas sobre o espaço territorial de Roraima não pára. Os mais recentes relatórios de identificação e delimitação estão publicados no Diário Oficial do Estado (17/12/04). Um trata da reserva do Anaro, localizada na região do Amajari e outro da área Trombetas/Mapuera que alcança parte dos municípios de Caroebe e São João da Baliza.
A terra indígena do Anaro, onde vivem índios Wapixana está localizada às margens direita da BR-174 em direção a Pacaraima. O resumo do relatório não indica quantos desta etnia habitam a região, afirmando que a maloca é constituída de sete casas. A área foi demarcada com a superfície de 30.470 hectares num perímetro de 90 quilômetros. No interior da reserva foram identificados quinze moradores não índios.
A terra indígena Trombetas/Mapuera se expandiu a partir do Estado do Pará e alcançou os estados do Amazonas e de Roraima com a superfície de três milhões, novecentos e setenta mil, quatrocentos e dezoito (3.970.418) hectares, num perímetro de 1.562 quilômetros.
Conforme o levantamento baseado em dados do ano de 2002, no interior reserva vivem 2.805 indígenas de várias etnias, entre as quais os Waimiri-Atroari. Em solo roraimense a reserva de proporções oceânicas alcança parcela do espaço físico destinado aos municípios de Caroebe e São João da Baliza.
GOVERNADOR - Ao falar sobre a demarcação de mais duas reservas em Roraima, o governador Ottomar Pinto (PTB) disse que esta é mais uma violência que se pretende cometer contra o Estado. A sucessão de fatos dessa natureza - disse - motiva a pressa para que o presidente decida a questão indígena e estabeleça que pelo menos no governo dele não haverá mais nenhum avanço nas terras de Roraima pela Funai.
Para o governador, a perda de áreas propícias para a agropecuária é péssimo para a economia regional. Argumenta que quando governador do Território teria dado uma solução para a Funai com a criação de áreas indígenas como Ouro e Araçá sob a alegação de que satisfaziam as necessidades dos índios. "Agora volta a Funai com mais pedido. Daqui a pouco a Funai vai querer cômodos de casas em Boa Vista para transformar em reserva indígena", ironizou.
Segundo ele, diante de situações como estas qualquer governador fica estressado porque as soluções são visíveis, mas continuam a acontecer. Para ele, as lideranças brasileiras precisam acabar com essa brincadeira de mau gosto. "Não há razão para isso".
Ottomar lembrou um fato histórico que relatou ao presidente Lula da Silva na audiência ocorrida no início desta semana. "Olhe o caso dos palestinos. Logo após a guerra, os judeus ricos sionistas compraram as fazendas dos palestinos que moravam ao longo do rio Eufrates e desertos próximos, e eles venderam porque ganhavam um bom dinheiro. Após adquirirem um pedaço grande de terra, os sionistas pediram para migrar para lá. Houve uma proibição da ONU, mas eles forçaram a barra e até explodiram um hotel em Londres. E acabaram por fundar o atual Estado de Israel. Enquanto isso, os palestinos se lamentam, choram, indo até à morte para querer reconquistar terras que seus ancestrais venderam levianamente aos judeus".
Na avaliação do governador, à exceção dos círculos acadêmicos e militares, quando se trata da questão indígena, lamentavelmente a sociedade brasileira é alienada. "Até o setor empresarial não se detém muito na análise desses fatos. Esse é o grande problema. A sociedade brasileira não tomou uma posição em relação a esses fatos, que farão com que daqui a vinte anos o Brasil já não tenha mais oito milhões e meio de quilômetros quadrados", declarou

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