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Fuligem custará R$ 16,8 milhões à CSA

O Globo, Rio, p. 20
06 de Jan de 2011

Fuligem custará R$ 16,8 milhões à CSA
Siderúrgica é multada pelo Inea e terá que custear obras em Santa Cruz, incluindo hospital, para compensar poluição

Cláudio Motta

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) aplicou ontem uma multa de R$2,8 milhões na Thyssenkrupp CSA Siderúrgica do Atlântico por poluir o ar no entorno da usina, no bairro de Santa Cruz, no fim do ano passado. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse que, além da multa, a empresa terá que investir R$14 milhões em obras na região, em compensação pelos danos.
Metade deste total (R$7 milhões) serão empenhados na construção de um centro de tratamento de diabetes e hipertensão em Santa Cruz, que ficará sob a responsabilidade da Secretaria estadual de Saúde. A CSA terá ainda que pagar R$4 milhões na construção de uma Clínica da Família em Santa Cruz, que será mantida pela prefeitura. Outros R$2 milhões vão ser usados em programas de pavimentação e asfaltamento. E, por fim, R$1 milhão será revertido em obras de drenagem e pavimentação na comunidade de São Fernando, no mesmo bairro.
- A compensação é imediata. A CSA já concordou com as medidas compensatórias - disse Minc.
Usiminas já iniciou auditoria na concorrente
Minc anunciou ainda que a Usiminas já começou a fazer uma auditoria na CSA. O prazo de conclusão é de até dois meses. O trabalho poderá indicar a necessidade de mudanças na siderúrgica de Santa Cruz. Os gastos com a auditoria também serão custeados pela CSA, mas os valores do trabalho ainda não foram divulgados.
- Será um pente fino na CSA. A auditoria será feita por uma empresa concorrente - ressaltou Minc.
A CSA também precisará fazer uma série de ajustes para obter a licença de operação. Segundo o secretário, a licença só será emitida quando a siderúrgica apresentar garantias de que a lingotadeira poderá absorver o ferro-gusa quando a aciaria estiver com algum problema.
- O sistema de emergência é um desastre ecológico de grandes proporções - disse Minc.
No fim do ano passado, a Secretaria do Ambiente limitou a operação da CSA a 70% de sua capacidade até que a empresa resolvesse o problema da emissão de fuligem, parecida com grafite, em Santa Cruz. Em dezembro, várias casas da região foram atingidas pelo material particulado. Em nota, a empresa chegou a afirmar, na época, que a poluição teria sido causada por um defeito num guindaste, que já estaria "totalmente corrigido". A siderúrgica chegou a se comprometer a indenizar as famílias afetadas. O valor não foi fixado, mas deveria cobrir gastos com a limpeza dos bens atingidos. A própria siderúrgica calcula que seis mil lares foram prejudicados. Minc disse que esta indenização foi convertida na compensação de R$14 milhões, cinco vezes maior do que a multa aplicada ontem.
Em agosto passado, o Inea já tinha multado a CSA em R$1,8 milhão por poluir com material particulado o ar no entorno da siderúrgica. A punição ocorreu depois de uma vistoria que comprovou que a CSA não informou ao Inea problemas com o alto-forno 1, impedindo assim que fossem tomadas providências para minimizar as emissões. A empresa recorreu ao Inea, que aceitou abaixar o valor para R$1,3 milhão. A punição poderia variar de R$800 a R$2 milhões, dependendo da gravidade do problema.

Estado está monitorando 17 moradores de Santa Cruz
O estado está monitorando 17 moradores de Santa Cruz que podem ter sofrido com a poluição da CSA. O médico Luiz Tenório, que está acompanhando o assunto pela Secretaria estadual do Ambiente, disse que os casos serão investigados, mas ainda não é possível afirmar que o agravamento do estado de saúde daquelas pessoas tenha relação com a poluição lançada pela siderúrgica.
Respondendo à nota publicada pela CSA nos jornais, a Secretaria de Saúde nega que tenha conduzido estudo ou emitido laudo que ateste a inexistência de correlação entre as emissões de grafite na CSA e problemas de saúde de moradores locais.
A CSA confirmou em nota o acordo de R$14 milhões. A companhia informa que iniciou a implantação do programa "Grafite Zero" para evitar que partículas causem incômodos aos moradores da região. E reitera que a fuligem não provoca doenças ou males à saúde da população.

O Globo, 06/01/2011, Rio, p. 20

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