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Fórum Social virou feira ideológica, diz Lula

O Globo, O País, p. 12
27 de Out de 2004

Fórum Social virou feira ideológica, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ontem ao fazer críticas ao Fórum Social Mundial, menina-dos-olhos do PT do Rio Grande do Sul e de organizações não-governamentais (ONGs). Lula disse que o Fórum Social Mundial precisa ter mais foco, sob o risco de se transformar numa "feira de produtos ideológicos".
Para o presidente, o Fórum Social precisar ter mais "centralidade", elegendo propostas objetivas que serão defendidas no restante do ano. O Fórum Social Mundial foi realizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, onde ocorreu também em 2002 e 2003, sempre em janeiro. Lula participou de todas as edições do Fórum, com exceção de 2004. Este ano, o encontro ocorreu na Índia.
- Penso, companheiros, que o Fórum Social Mundial, que vai se realizar em Porto Alegre, precisa definir um ou dois temas para se transformar em bandeira para eles trabalharem durante o ano inteiro. Porque, senão, o Fórum vai se transformando numa feira, numa feira de produtos ideológicos, onde cada um vem e compra o que quer, vende o que quer. E a gente vai embora sem ter firmado um compromisso de que tem uma coisa para a gente fazer durante o ano inteiro, para cobrar dos governantes, dos partidos, pra cobrar dos parlamentares - disse o presidente Lula.
"Sociedade tem que assumir a luta contra a fome"
O presidente Lula falou sobre o Fórum Social Mundial quando fazia um levantamento das ações do governo brasileiro, em nível internacional, no combate à fome e à miséria no mundo. Lula lembrou sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 2004. Na ocasião, ele também falou sobre o combate à fome no mundo e lançou a idéia de se criar um fundo para custear essas iniciativas. E ainda citou o encontro realizado na ONU este ano, sobre o assunto.
Para Lula, o combate à fome é cada vez mais uma luta da sociedade.
- Estamos agora numa fase de convencer a sociedade civil de que essa luta é dela, não é do governo do Brasil, porque amanhã o Brasil pode ter um governo que não queira fazer isso. Então a sociedade tem de assumir para si essa bandeira - disse Lula.
Presidente se queixa da lentidão do Congresso
Ao justificar a edição da medida provisória que autoriza o plantio de soja transgênica, o presidente disse que o governo é obrigado a recorrer a MPs devido à demora do Congresso em votar as propostas. Argumentou que o país não pode parar por causa do período eleitoral.
- Muitas pessoas se queixam de que há muitas medidas provisórias, mas acontece que não temos como parar. Independentemente de estarmos no processo eleitoral, os ministros precisam que as coisas sejam votadas, aprovadas e muitas vezes o caminho é uma MP. Por mim, mandava tudo por projeto de lei - afirmou o presidente.
Lula lembrou, durante encontro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que foi obrigado a editar nova MP sobre soja transgênica porque o projeto enviado ao Congresso em outubro de 2003 só foi votado no Senado, com alterações, no mês passado. ( Cristiane Jungblut )

O Globo, 27/10/2004, O País, p. 12

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