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Fórum Social Mundial 2009

CB, Opinião, p. 15
Autor: BETTO, Frei
23 de Jan de 2009

Fórum Social Mundial 2009

Frei Betto
Escritor, é autor de Calendário do poder (Rocco), entre outros livros

Belém, capital paraense, abrigará, de 27 de janeiro a 1o de fevereiro, a nova edição do Fórum Social Mundial (FSM). São esperados cerca de 120 mil participantes. Três grandes temas deverão dominar os debates: a preservação ambiental, sobretudo por ter como cenário a Amazônia, onde o desmatamento e a emissão de gás carbônico têm crescido; a crise do capitalismo globalizado; a guerra no Oriente Médio.

Entidades participantes convidaram os presidentes do Brasil, da Venezuela, do Equador, da Bolívia e do Paraguai. Se comparecerem, será em caráter pessoal.

Reza a Carta de Princípios do FSM que se trata de um evento destinado aos movimentos da sociedade civil contrários ao neoliberalismo e a qualquer forma de imperialismo, e comprometidos com a construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação de sustentabilidade entre os seres humanos e a Terra.

Ao almejarem "o outro mundo possível", os participantes se empenham em conquistar uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições democráticas a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.

Tribuna livre e apartidária, não governamental nem confessional, o FSM não tem caráter deliberativo. Embora funcione como instância articuladora, não nutre a pretensão de ser um espaço de representatividade da sociedade civil mundial. Nele há plena diversidade de gêneros, etnias, culturas e gerações.

Espera-se que, do debate democrático no FSM, surjam propostas para resolver os problemas de exclusão e desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras da natureza, impõe à maioria da humanidade.

As três primeiras edições do FSM - realizadas em Porto Alegre, em 2001, 2002 e 2003 -, foram organizadas por um comitê integrado por oito entidades brasileiras: Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), Associação pela Taxação das Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos (Attac), Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

A quarta edição ocorreu em Mumbai (Índia), em janeiro de 2004. A quinta retornou à capital gaúcha, em janeiro de 2005, e funcionou à base de oito grupos de trabalho: Espaços, Economia Popular Solidária, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Cultura, Tradução, Comunicação, Mobilização e Software Livre.

O 6o FSM ocorreu, de forma descentralizada, em três cidades: Bamako (Mali, África), em janeiro de 2006; Caracas (Venezuela, América do Sul), também em janeiro do mesmo ano, e Karachi (Paquistão, Ásia), em março de 2006. A 7ª edição do FSM teve como palco Nairóbi, no Quênia, em janeiro de 2007.

No evento em Belém, o filósofo e cientista político Michael Lowy e eu abordaremos o tema "Ecossocialismo: espiritualidade e sustentabilidade", além de participarmos de outras atividades.

CB, 23/01/2009, Opinião, p. 15

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