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Fórum Social Mundial 2005

CB, Opinião, p. 19
Autor: BETTO, Frei
25 de Jun de 2004

Fórum Social Mundial 2005

Frei Betto
Escritor, é autor de Hotel Brasil (Ática), entre outros livros

O Fórum Social Mundial (FSM) retorna a Porto Alegre em janeiro do próximo ano, entre os dias 26 e 31. Será a sua quinta edição, porém de cara nova. Será preservada a diversidade do evento, a pluralidade e a autonomia de seus participantes, o caráter democrático de seus espaços, sem prevalência deste ou daquele partido ou ideologia. Não haverá declaração final nem hierarquia entre as diversas causas defendidas e/ou propostas.
A estrutura continuará repartida em conferências, painéis, testemunhos, mesas de diálogo e controvérsias, oficinas e seminários. Qualquer entidade inscrita no evento poderá promover oficina ou seminário. Contudo, haverá maior articulação entre os participantes que tenham causas em comum.
Uma consulta começa a ser feita entre todos os interessados, de modo a identificar os temas a serem debatidos e as grandes atividades a serem realizadas. A programação definitiva deve sair em novembro
Esse novo perfil ficou definido na reunião do Conselho Internacional do FSM na Itália, em abril. Ao inscrever-se pela internet ou por carta, cada entidade será informada sobre as outras atividades que estão sendo programadas em torno do mesmo tema. O sistema fornecerá também meios de contato com as demais entidades envolvidas num tema assinalado. Assim, haverá maior diálogo entre entidades e objetivos afins, o que facilitará o planejamento de ações comuns.
Espera-se que esse processo facilite a unificação de oficinas e seminários ou, pelo menos, melhor articulação entre eles, de modo a evitar repetições ou redundâncias. É desgastante ver um mesmo tema pulverizado em atividades isoladas entre si. O FSM não obrigará nenhuma entidade a se articular com outras. Tudo será feito de forma voluntária e auto-organizada. O direito de promover sua própria oficina ou seminário estará garantido.
No entanto, para aqueles que desejam se manter articulados com iniciativas afins, haverá grupos de trabalho chamados de aglutinadores, constituídos a partir de julho. Os aglutinadores serão coordenados pelas comissões de metodologia, conteúdo e temática do Conselho Internacional do FSM. Em cada tema, os grupos aglutinadores serão integrados pelas próprias entidades interessadas em organizar seminários e oficinas sobre determinado assunto.
Suponhamos que, ao responder à consulta, inúmeras entidades proponham debater o tema da Paz sob diferentes óticas. Em julho, as comissões começarão a entrar em contato com os interessados para propor que formem grupos aglutinadores. Aceita a proposta, o grupo terá algumas semanas para propor uma agenda comum.
É a partir dessas consultas que o Conselho Internacional tratará de organizar as grandes atividades (conferências, painéis, testemunhos e mesas de diálogo e controvérsias). Exemplo: o grupo aglutinador do tema Paz poderá propor a ida a Porto Alegre de uma personalidade que dará testemunho. Essa nova metodologia incorpora as inovações introduzidas no IV FSM, em Mumbai, onde parte das 8.220 atividades foi construída por redes internacionais. Agora as grandes atividades estarão conectadas com os temas debatidos em oficinas e seminários.
A partir de agosto, o FSM estará recebendo, até outubro, inscrições formais de oficinas e seminários, podendo usar como referência os temas elencados em julho pelos grupos aglutinadores. Será possível ainda consultar pela internet todas as atividades propostas e encaminhar novas. Em todo o processo a autonomia e diversidade que marcam o FSM estarão asseguradas. Mais informações: www.forumsocialmundial.org.br.
A marca comum do FSM, acentuada em Mumbai (havia de 135 mil a 150 mil participantes), será a luta contra o neoliberalismo, a militarização do planeta, a pobreza e a exclusão social, articulando a mobilização global com a local, os fóruns regionais com os movimentos populares, a busca de um outro mundo possível com os valores éticos inerentes a um modelo de sociedade em que a realização coletiva resulte na efetiva promoção da dignidade pessoal.

CB, 25/06/2004, Opinião, p. 19

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