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A fórmula do 'shake' MazôManá para desenvolver a bioeconomia - e que atraiu Bela Gil e Alex Atala

O Globo - https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2023/12
19 de Dez de 2023

A fórmula do 'shake' MazôManá para desenvolver a bioeconomia - e que atraiu Bela Gil e Alex Atala
Nova marca de alimentos funcionais com ingredientes amazônicos vai reservar 10% do capital para comunidades tradicionais

Por Mariana Barbosa
19/12/2023

A representatividade e a luta por justiça climática nas conferências climáticas vêm aumentando nos últimos anos, com maior participação de movimentos sociais como negros, mulheres, indígenas, quilombolas e jovens das periferias entre as delegações. No entanto, isso ainda não se reflete nos documentos finais. No caso da COP28, o aguardado texto do Balanço Global não contemplou o tema da igualdade racial, embora tenha dado maior atenção aos direitos dos povos indígenas e comunidades locais, mencionados nove vezes no documento.
- O texto aprovado não contempla a diversidade racial da população do planeta. A crise climática não é neutra e acomete mais fortemente certas populações, como a afrodescendente - diz Letícia Leobet, assistente de projetos do Geledés Instituto da Mulher Negra.
Segundo ela, o caminho para a transição para o fim dos combustíveis fósseis é um passo importante, mas precisa ser amparado em compromissos dos Estados para o enfrentamento de desigualdades.
Para Maíra Rodrigues, coordenadora da área de combate ao racismo ambiental do Instituto de Referência Negra Peregum, movimentos sociais ligados à causa antirracista tem aumentado a pressão sobre os países nas COPs, mas ainda falta reconhecimento da importância do viés racial nessa discussão. Para a COP30, em Belém, já começam as articulações para que a pressão seja ainda maior.
RACISMO AMBIENTAL
A agenda da justiça climática traduz a luta dos países e regiões pobres e mais vulneráveis contra as consequências do aquecimento global - historicamente, causado pelos países de maior renda. A ela, se soma o debate sobre o racismo ambiental, conceito criado na década de 1980 pelo ativista pelos direitos civis negro Benjamin Franklin Chavis, que aborda a discriminação étnico-racial na elaboração de políticas públicas e o direcionamento deliberado da comunidade negra para áreas ambientalmente mais insalubres.
Como, por exemplo, as mudanças climáticas afetam diretamente territórios periféricos ou pessoas que habitam regiões de maior vulnerabilidade, como encostas e favelas, os movimentos sociais defendem que o tema deve estar no centro das negociações.
- Uma família que mora em uma favela urbana ou uma comunidade quilombola vai receber primeiro a fatura das mudanças climáticas. Esse recorte racial precisa ser internalizado nas COPs -diz Selma Dealdina, ativista e representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Mulher quilombola do território Sapê do Norte (ES), Dealdina participou da COP28 com uma delegação do Fundo Casa Socioambiental, da qual é vice-presidente do conselho, com outras 16 representantes de comunidades ribeirinhas, povos indígenas, extrativistas e quilombolas. A organização realizou uma formação em 2022 e 2023 para fortalecer mais de 60 lideranças que atuam pela sustentabilidade e integridade dos territórios, que incluiu a participação nas COPs27, no Egito, e 28, em Dubai.
O cineasta e ativista britânico Fehinti Balogun, que esteve no Brasil durante a COP28 para divulgar seu filme "Can I Live?", adaptação de uma peça teatral que trata do racismo ambiental, vê um avanço da interseccionalidade no debate sobre pobreza, racismo, desigualdades sociais e os impactos da mudança do clima. Segundo ele, isso se deve ao legado dos ativistas e cientistas que levantaram bandeiras da reparação histórica dos povos afetados pelo colonialismo, ao mesmo tempo em que países do sul global vulneráveis aos extremos climáticos se tornaram mais vocais.
-Esses dois movimentos forçaram que a conversa sobre reparação se tornasse mais presente nas COPs.
PERPETUAR DESIGUALDADES
Em seu filme, Balogun mistura música performance e "spoken word" - como o rap - para levantar questões sobre emergência climática e desigualdades sociais e raciais em diálogos acessíveis, trazendo a perspectiva de um jovem negro sobre esses temas. Ele participou de debates com o movimento negro em São Paulo e Salvador e enfatizou que é preciso reconhecer a existência do racismo ambiental como parte do racismo estrutural.
-As mudanças climáticas têm o poder de perpetuar desigualdades que já existem. Precisamos falar sobre melhorar as condições de vida das pessoas pretas e pardas e incluí-las nas soluções.

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