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Forças Contrárias à Demarcação de Terras Indígenas

A Crítica - http://www.acritica.com/
21 de Set de 2010

Fazendeiros e políticos se opõem à vontade dos muras

AUTAZES, AM - Um dos principais opositores da demarcação das terras dos indígenas da etnia mura, no Município de Autazes é Muni Lourenço Júnior, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea). Ele foi um dos participantes da audiência pública em Autazes que teve como principal representante indígena o macuxi Sílvio da Silva, da Sociedade de Defesa dos Índios de Roraima (Sodiurr), que ganhou notoriedade por ter sido contra a demarcação em área contínua da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Sodiurr é uma organização indígena opositora da Coordenação Indígena de Roraima (CIR).

Muni Lourenço Júnior se ampara em decisão do STF, após julgamento sobre a Raposa Serra do Sol, para contestar os critérios considerados por ele como ilegais da demarcação dos muras de Autazes. "A bacia leiteira naquelas terras existe há mais de 100 anos. Então, os índios não possuem marco temporal na área. A terra, portanto, não está tradicional mente ocupada por indígenas", diz.

"O STF também proibiu que haja ampliação das terras indígenas. E é isso que querem fazer com as comunidades Autaz Mirim e Novo Céu. Estas terras não são da etnia mura. Não estamos predispostos a conflito. A gente quer um consenso que atenda os fazendeiros. Se a demarcação ocorrer, 500 fazendas serão desapropriadas", contou.

O vereador Anderson Cavalcante acredita que uma das alternativas para "evitar o conflito" seria oferecer outras áreas para os indígenas. "Temos muitas terras que podem ser aproveitadas pelo povo indígena, principalmente a área da estrada", sugeriu. Para o vereador, os dois lados, índios e pecuaristas, "precisam ceder" para que não haja conflito. Segundo ele, os índios poderiam ceder ocupando outras terras e os pecuaristas "conceder a eles áreas menos produtivas".

"Mas sabemos que buscar consenso é muito difícil", observou. Cavalcante salientou que "ninguém" é contra a demarcação, que o município reconhece a dívida com os indígenas", mas o processo, como está sendo feito, "vai provocar a perda de 40% das terras do município" para os índios, segundo ele. "Queremos discutir o problema de forma amigável. Não concordamos com a forma como está sendo demarcada. Temos áreas tituladas com mais de 100 anos", contou.

O coordenador técnico da Funai em Aurazes, Hudson Henrique da Silva, critica o posicionamento dos fazendeiros. "Eles querem definir sozinhos o que é do índio e o que não é", opina.

Em números
8.744 indígenas da etnia mura vivem na região do Município de Autazes, segundo dado da Funai de 2009. Há também muras em outros municípios como Borba e Manicoré.

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