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Fome Zero chega a índios gaúchos

Zero Hora-Porto Alegre-RS
Autor: MARIELISE FERREIRA
11 de Fev de 2004

Programa realizou distribuição emergencial em reservas

Na mira da desnutrição nas reservas indígenas gaúchas, o programa Fome Zero, em conjunto com o governo do Estado, distribuiu ontem 50 toneladas de alimentos na Região Norte. Uma ação emergencial prevê a entrega de cestas básicas para 2,7 mil famílias por seis meses, perfazendo 270 toneladas.

Assim, ataca a principal causa da mortalidade infantil entre os índios do Estado, a desnutrição. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre eles há 62 mortes para cada mil nascimentos. O índice, o dobro da média nacional, fez com que as reservas fossem as primeiras beneficiadas pelo programa federal.

A distribuição emergencial vai atender a 14 mil índios no Estado. São 2,7 mil famílias que receberão uma cesta básica com 97 quilos de alimentos durante seis meses.

A entrega começou na manhã de ontem em Erechim, de onde partiram caminhões para as reservas de Benjamin Constant do Sul, Erebango, Charrua e Cacique Doble. Os prefeitos de cada município fizeram a entrega de ovos, farinha, arroz, feijão, frutas, legumes, carne e leite, entre outros itens. A composição da cesta foi definida pelos próprios índios, respeitando os hábitos de guaranis e caingangues.

Na reserva indígena de Ventarra Alta, em Erebango, onde 35 famílias receberam as cestas, o alimento chegou na hora certa. Apesar de manterem plantações no local, o resultado da colheita nunca é suficiente para o sustento.

Conforme a coordenadora do programa no Rio Grande do Sul, Brizabel Rocha, a Fundação Nacional do Índio (Funai) vai acompanhar as famílias beneficiadas para monitorar o resultado do programa.

Darci da Silva chegaria em casa ontem com a resposta para a fome da mulher e dos seis filhos. Acampado à beira da rodovia Erechim-Passo Fundo (RS-135), o guarani de 35 anos sobrevive do artesanato. São cerca de R$ 30 por mês, que ajudam na sobrevivência da família, que já chegou à mendicância.

- Por 20 dias não preciso me preocupar com a comida das crianças. Isso vai me dar fôlego para produzir mais cestos e garantir alimentos para mais tarde - salientou.

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