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Fome mata a sétima criança indígena

Tribuna de imprensa-Rio de Janeiro-RJ
04 de Mar de 2005

Equipes da Funasa identificam 107 crianças em estado grave de desnutrição

Mais uma criança da etnia guarani-caiová morreu de desnutrição na madrugada de ontem em Mato Grosso do Sul. O menino Janison Valdez Duarte, de três meses, estava internado no Hospital da Mulher de Dourados, a 220 quilômetros de Campo Grande. O atestado de óbito, assinado pelo médico Vando Costa, confirma que o menino estava com acentuado déficit nutricional.

É a sétima vítima da fome este ano na Reserva Indígena de Dourados e a 13ª somando-se às mortes ocorridas entre os nhandevas. Cinco crianças guarani-nhandeva com menos de dois anos de idade morreram na Aldeia Porto Lindo, em Japorã, no extremo Sul, e uma na Aldeia Serrito, em Eldorado, divisa com o Paraguai, conforme informações da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

O coordenador de ações da fundação, Carlito Bispinn, disse que as seis mortes ocorridas fora de Dourados foram provocadas por desnutrição, e aconteceram nos primeiros dois meses deste ano.

Nhandevas
A situação dos índios nhandevas é bem pior que a dos caiovás. Em Dourados atua a força-tarefa formada por médicos, nutricionistas, assistentes sociais e até o Exército atuando no combate à desnutrição das crianças indígenas, desde domingo passado. A própria Funasa reconhece que apenas um médico atende quase quatro mil nhandevas.

Roselena Lopes, funcionária da instituição, informou que em Japorã e Eldorado há 222 crianças com desnutrição, sendo 198 na Aldeia Porto Lindo e 24 na Serrito. Conforme relatório da Funasa, foram identificadas este ano nos três municípios 107 crianças indígenas classificadas no índice P3, que significa estado grave de desnutrição, o que pode resultar em óbito.

Funai
A Fundação Nacional do Índio (Funai) continua como espectadora "inerte". O diretor de Assistência, em Brasília, Slowacki de Assis, disse em Dourados que o órgão pouco ou quase nada poderá fazer para resolver o problema. Ressaltou que a Funai vem sofrendo um processo de sucateamento desde 1992. "Estamos perdendo atribuições e pessoal. Existiam seis mil funcionários em 92 e atualmente temos menos de dois mil."

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