VOLTAR

Folha de árvore nativa da Amazônia pode substituir mercúrio no garimpo de ouro, aponta estudo

g1 RO - https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2023/11/02/
02 de Nov de 2023

Folha de árvore nativa da Amazônia pode substituir mercúrio no garimpo de ouro, aponta estudo
Processo de separação de sedimentos é realizado por uma substância presente no extrato das folhas do pau-da-balsa, de acordo com a pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Rondônia.

Por Emily Costa, g1 RO
02/11/2023 11h05

Já pensou se o mercúrio, metal tóxico utilizado no garimpo de ouro, fosse substituído por folhas de árvores? Isso pode se tornar possível através de uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Rondônia (Unir) com o "pau-de-balsa", uma árvore nativa da Amazônia.

O g1 conversou com o coordenador do projeto e membro do Departamento de Biologia da Unir, professor Wanderley Bastos. Segundo o pesquisador, uma substância presente no extrato das folhas do pau-de-balsa é a "peça-chave" para eliminar a necessidade do uso de mercúrio na garimpagem.

"Como nossa pesquisa está no início, ainda há muitos desafios. Entretanto, com os experimentos que fizemos até o momento, o extrato da planta se mostra bastante promissor em separar o ouro dos demais sedimentos", explica o coordenador do projeto.

Atualmente, o mercúrio é a substância utilizada para separar o ouro na garimpagem. No entanto, o metal é extremamente tóxico e a prática resulta na liberação dessa substância no meio ambiente, o que causa riscos para a saúde da população, além da contaminação dos peixes e dos rios.

Os pesquisadores ainda não identificaram qual é a substância do extrato da folha do pau-de-balsa que efetivamente causa a separação dos sedimentos. Os estudos com a planta ainda estão em andamento para identificar os constituintes químicos responsáveis por esse efeito.

De acordo com uma pesquisa feita pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental e WWF-Brasil, o mercúrio ocupa a terceira posição no mundo em termos de toxicidade entre os poluentes ambientais mais perigosos para a saúde humana.

O mesmo estudo apontou que os peixes dos rios consumidos pela população de Rondônia possuem situações graves de contaminação por mercúrio, acima do limite recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Substituir o uso do mercúrio em qualquer processo já seria um grande feito como alternativa segura", explica o pesquisador do projeto.

Os riscos à saúde causados pelo uso de mercúrio no garimpo

Benefícios da diminuição do mercúrio

A pesquisa realizada na Unir aponta que a conclusão de utilizar folhas de árvores no garimpo resultaria na eliminação do mercúrio nessas atividades. Isso desencadearia uma série de benefícios, tais como:

Redução das possíveis emissões de mercúrio no meio ambiente, tanto na forma líquida quanto gasosa.
Diminuição da exposição ocupacional dos trabalhadores que lidam com esse metal.
Menos contaminação de peixes de rios por mercúrio.

O projeto tem gerado otimismo entre os profissionais que fazem o uso do mercúrio, como os garimpeiros artesanais que atuam nos rios de Rondônia. Segundo o professor Wanderley, eles demonstram curiosidade, esperança e disposição para colaborar com as iniciativas da pesquisa.

O que é pau-de-balsa?

A Ochroma pyramidale, também conhecida como de pau-de-balsa, pau-de-jangada e patade-lebre, é uma planta encontrada na região Neotropical, com presença nos estados do Norte do Brasil. Ela pertence à família Malvaceae, que também inclui a paineira, baobá, algodão, quiabo, entre outras.

Essa planta tem diversas utilidades, principalmente a madeira que é leve e resistente. Ela é utilizada na construção de barcos, jangadas e outras embarcações, além de móveis.

https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2023/11/02/folha-de-arvore-nat…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.