Foirn acusa senador do AM de caluniar ONGs da Amazônia

Foirn acusa senador do AM de caluniar ONGs da Amazônia

08 de agosto de 2023
Marcela Leiros - Da Revista Cenarium

MANAUS - A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) divulgou direito de resposta ao que chamou de calúnias proferidas pelo senador do Amazonas Plínio Valério (PSDB), presidente da CPI das ONGs no Senado, nas quais o parlamentar afirmou que organizações de defesa dos direitos indígenas os perseguem e ameaçam. Segundo a federação, o senador tenta justificar a "infundada perseguição às organizações que verdadeiramente apoiam o povo originário".

Plínio Valério divulgou uma notícia na sexta-feira, 4, afirmando que, em São Gabriel da Cachoeira, a 852 quilômetros de Manaus, organizações, como o Instituto Socioambiental (ISA) e a Foirn, estão perseguindo, ameaçando indígenas e forjando cartas de repúdio e reuniões contrárias à CPI. A federação apontou que tais acusações são caluniosas e que trabalha para promover a defesa dos povos indígenas.

"Diante de tais alegações caluniosas, vem esclarecer e tornar público que em momento nenhum a Federação vem ameaçando e assediando os indígenas, uma vez que a federação é uma instituição que visa a promoção e defesa dos povos indígenas, trabalhando em prol da população indígena, conforme estatuto criada pelos povos indígenas do Rio Negro", consta na nota.

A Foirn destacou, ainda, que não forja ou manipula as opiniões dos comunitários, e que as cartas de repúdio são ferramentas de manifestação do descontentamento dos povos originários, apresentadas ao público apenas em momentos de indignação, e que todas as manifestações surgem das comunidades.

"Quando ao outra inveracidade trazido, em que relata que houve cartas de repúdio forjadas, vem informá-los que a Federação não impõe suas decisões às comunidades, pois sua função é orientar para evitar quaisquer danos", disse, lembrando que as organizações atuam onde os governos e a União faltam.

"Vale ressaltar que os trabalhos realizados pelas ONGs acabam suprindo os serviços que deveriam ser prestados pelo ente federado local, esses serviços são realizados com as parcerias, para que se consiga suprir alguma das necessidades locais, uma vez que tem o dever de prestar assistência, não o faz", acrescenta.
Perseguição

Instalada em junho deste ano, a comissão investiga as atividades de organizações não governamentais financiadas com dinheiro público na região da Amazônia. O relator é o senador Marcio Bittar (União-AC). Plínio Valério ocupa a presidência.

Na nota, a Foirn afirma também que o discurso de que as comunidades indígenas querem trabalho, independência e dignidade sem a presença das ONGs é uma tentativa de justificar a "infundada perseguição às organizações que verdadeiramente apoiam o povo originário". "Esta Federação possui em seus objetivos estatutários buscar promover ações ao desenvolvimento econômico social, territorial e ambiental, valorizando e revitalizando a cultura dos povos indígenas", elenca.

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, o senador afirmou que a Foirn não é merecedora de resposta.

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Foirn

A Foirn é uma organização representante dos 23 povos indígenas habitantes nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. São 750 comunidades, 91 associações indígenas, 18 línguas faladas e uma população de 50 mil pessoas pertencentes a quatro famílias linguísticas: Tukano, Aruak, Nadahup e Yanomami.

A região do Rio Negro, situado no noroeste Amazônico limite com a Colômbia e a Venezuela, é habitada pelos 23 povos indígenas, como Arapasso, Bará, Baré, Baniwa, Barassano, Dessano, Dow, Hupdäh, Karapanã, Kuripako, Kubeo, Kótiria, Miriti-tapuia, Nadeb, Piratapuia, Siriano, Tariano, Tukano, Tuyuka, Werekena, Yupdëh, Yanomami, Ye'ba-mahsa.

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