VOLTAR

Fogo e estiagem castigam Pará

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
13 de Ago de 2001

Sem chuva há 45 dias, o sul, o sudoeste e o oeste do Pará podem se transformar em uma imensa fogueira se a estiagem iniciada em julho se prolongar por mais tempo. Atualmente, há cerca de 500 focos de incêndios, e o fogaréu e a fumaça já ameaçam os pousos e decolagens de aeronaves nos aeroportos da região e até o tráfego de veículos nas estradas. O rebanho paraense também está ameaçado. Mais da metade das 18 milhões de cabeças de gado no Estado está nessas três regiões.
Já na primeira semana de julho, as imagens geradas pelo satélite NOAA-12 e analisadas pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (IPE), em São José dos Campos (SP), indicavam a existência de 385 focos de incêndio no sul e sudeste do Pará. A tendência é que a situação se agrave pela ausência de chuva e pela elevação da temperatura, cuja média é de 35 graus. E apenas seis fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão na região, que tem uma área equivalente ao território da Bélgica.
Os piores focos de incêndio ficam entre o rio Xingu e a rodovia Cuiabá-Santarém, no sul do Estado, e ao longo da Belém-Brasília, de Itinga a Paragominas. O maior volume de fumaça é gerado pelo fogo nas áreas de pastagens e na mata secundária, que margeia os campos implantados em substituição à floresta nos últimos 30 anos.
Uma parte dos 750 hectares da área de pesquisa mineral que a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) mantém nas serras Leste e Pelada, na divisa dos municípios de Curionópolis e Marabá, estava sendo consumida pelo fogo no final de semana passado. Na quarta-feira, os efeitos já eram sentidos em Marabá, Eldorado dos Carajás, Curionópolis e Parauapebas. Muitas vezes, o fogo chega até aos quintais das periferias urbanas, levando pânico aos moradores.
Fora das zonas urbanas, muitos fazendeiros temem ficar sem pasto para o gado com o avanço do fogo. Para eles, a culpa é dos agricultores, que derrubam a mata sem ordem do Ibama e tocam fogo na pastagem próxima para o fogo se espalhar para o desmatamento clandestino. Os fazendeiros também provocam incêndios, com a mania de aceirar os pastos para protegê-los de incêndios descontrolados. Mas nem sempre conseguem direcionar e controlar o fogo.
Reforço - A luta contra as queimadas ganhou reforço há dois anos, com a criação do Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndio Florestal na Amazônia Legal (Proarco), cuja atuação se estende por todo o Arco do Desflorestamento -que abrange também os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso do Sul.
Mas, até agora, esse reforço se mostrou insuficiente. O programa começou a ser executado em 1999, aumentou sua área de atuação ano passado e entrou na segunda fase em abril deste ano -com a previsão de treinamento de 45 brigadas no sul e sudeste do Pará. Para equipar as brigadas, o programa conta com um orçamento de R$ 425.394,50. E, até, agora, esse trabalho só está começando em seis cidades.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.