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Florestas para adocao

Veja, Ambiente, p.128
22 de Set de 2004

Ambiente
Florestas para adoção
Site na internet cobra 3,50 reais por ano de quem quer ter a própria árvore na Amazônia
Leonardo Coutinho
O empresário goiano Mário Rufino tem uma proposta para preservar a Amazônia e ainda ganhar muito dinheiro. Responsável por reservas que somam 622 milhões de árvores, entre propriedades suas e concessões, ele oferece pela internet (www.greenlifeforever.com) a adoção de exemplares a quem concordar em pagar 3,50 reais por ano. Em troca, compromete-se a manter viva cada árvore adotada. Para estrangeiros, o preço é 5 dólares. Depois de investir 250 000 dólares para obter as áreas, Rufino reuniu em dez pontos da Amazônia o total de 8,4 milhões de hectares – duas vezes mais que o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, a maior unidade de conservação de florestas tropicais do planeta. Com a operação, ele imagina arrecadar anualmente 85 milhões de reais em doações, mas tem árvores suficientes para gerar uma receita 26 vezes maior. "É mais negócio que cortar madeira ou criar boi", diz Rufino, que lançará a campanha nesta semana.
Ele se considera um ecologista de resultados e diz que usará parte dos lucros no investimento em novas áreas, para ganhar e preservar ainda mais. No estágio atual, gasta 3 000 dólares mensais para comprar da Nasa, a cada duas semanas, as fotos de satélite correspondentes às propriedades. Prepara-se para oferecer nos certificados de adoção as coordenadas geográficas da localização das árvores. Assim, cada pai adotivo poderá, munido de um aparelho de GPS, visitar e abraçar a própria árvore, no meio da floresta.
O biólogo José Maria Cardoso, vice-presidente da Conservação Internacional, uma organização não-governamental experiente na compra de áreas que se transformaram em reservas, acha que o estranho negócio pode ter sucesso se Rufino conseguir garantir a preservação das árvores. O grande risco é a operação transformar-se numa espécie de seqüestro de áreas florestais, já que, nesse modelo, pesa sobre cada árvore não adotada o risco de ir parar numa serraria.

Veja, 22/09/2004, p. 128

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