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Floresta está sendo devorada

A Crítica, Cidades, p. C8
24 de Fev de 2008

Floresta está sendo devorada
Nestes dois meses de 2008, R$ 900 mil em multas foram aplicadas. Em 2007, foi R$ 1,6 mi, mas as madeireiras não desistem

Jonas Santos
Da equipe de A Crítica

Madeireiras estão desmatando as florestas do lado Leste do Amazonas, na fronteira com o Estado do Pará . Na área que compreende os municípios de Maués, Nhamundá, Parintins, Barreirinha e São Sebastião do Uatumã, os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( Ibama) já encontram pistas clandestinas de pouso, aviões, hotéis de selva, dezenas de serrarias e grande quantidade de madeira beneficiada. De novembro de 2007 até fevereiro de 2008, o Ibama já aplicou quase R$ 3 milhões em multas contra as madeireiras. Apesar da quantidade de multas aplicadas, as empresas madeireiras voltam a se instalar nos locais tão logo os fiscais deixam a área. É comum encontrar grilagens de extensas propriedades rurais pertencentes à União.
Dentre as áreas invadidas, a região do alto Mamurú, que fica da divisa de Parintins com os municípios paraenses de Aveiros e Juruti, é hoje o lugar que mais sofre com o desmatamento desordenado. Desta região são extraídas madeiras nobres-como o ipê, maçaranduba, cedro, angelim e outras, que possuem grande valor no mercado internacional. Os fiscais do Ibama receberam denúncias de que as serrarias clandestinas beneficiam a madeira que, em seguida, é transportada por balsas até Manaus e Santarém (PA). No Mamurú foram encontradas oito serrarias, a maioria proveniente do Estado do Pará.
"Os trabalhadores ficam instalados em barracos improvisados e as empresas possuem todo um suporte dê máquinas pesadas para a extração da madeira. Em um desses locais encontramos pilhas de madeira de ipê amarelo pronto para o embarque", diz o chefe do posto do Ibama, José Ramos.
O paraguaio Migdonio Meireles e o brasileiro Avelino Spagnol, moradores da cidade de Coronel Sapucaia (MS), foram multados em R$ 150 mil. Eles são acusados de grilagem e de determinar a queimada de mais de 100 hectares de terra, na comunidade Monte Carmelo. Já o paraense João Maria dos Quadros foi autuado em R$ 14 mil por não possuir licenciamento. Ele era o proprietário de uma serraria a 16 quilômetros de da cabeceira da comunidade Cataueré, no rio Mamurú, em Aveiro.
Além das empresas madeiras do Pará, pecuaristas de Parintins e empresários também foram autuados.

Em números
1,6 milhão de reais de multas no ano de 2007. Nos dois primeiros meses de 2008, esse valor já é de R$ 900 mil. É necessário que haja uma operação conjunta com vários órgãos do Estado e do Governo Federal, a fim de amenizar a problemática das queimadas e dos desmatamentos na Amazônia.

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Terras indígenas invadidas

Em Nhamundá, aldeias de índios hixcarianas foram invadidas por garimpeiros e madeireiros. Os Invasores utilizavam aviões anfíbios nas ocupações das terras. Serrarias também se instalaram na área. A empresa Marques Cavalcante Ltda. Também foi multada pelos fiscais do Ibama.

Hotel era erguido por grileiros

Ainda no rio Mamurú, foram localizadas duas pistas clandestinas de pouso com área aberta de mil metros de comprimento e outra de 800 metros, no vizinho município de Juruti. Na cidade de Maués, onde o desmatamento ainda não é ostensivo, os fiscais focalizaram duas serrarias, instaladas ao longo do rio Maués-Açú. "Como existe grande área de floresta virgem, os madeireiros estão chegando pela fronteira, que ainda está intocada", afirma.
Os madeireiros usam o sistema de Posicionamento Global para marcar pontos estratégicos na mata. Em São Sebastião do Uatumá, entre Urucará e Nhamundá, os agentes do Ibama destruíram um hotel de selva que estava sendo construído pelos grileiros.
"Como não possuímos logística para transportar o material apreendido, eles ficam como fiéis depositários da mercadoria", acentua Ramos.

A Crítica, 24/02/2008, Cidades, p. C8

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