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Flagelados agora convivem com entulho

OESP, Metrópole, p. C3
30 de Dez de 2009

Flagelados agora convivem com entulho
Prefeitura demoliu 36 casas do Jardim Romano, mas não recolheu material; intenção é evitar novas invasões

Ana Bizzotto

Mais 13 casas do alagado Jardim Romano foram removidas ontem pela Defesa Civil. Outras 23 residências já haviam sido derrubadas e novas demolições estão programadas para hoje na área mais castigada pelas chuvas que atingiram o Distrito Jardim Helena, na zona leste de São Paulo. As montanhas de entulho foram deixadas nos terrenos, margeados pelo Rio Tietê.

Segundo o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli, a manutenção do entulho nas áreas é uma "estratégia inicial, para evitar" a reocupação. "Se o terreno estiver limpo, a probabilidade de ter novas invasões é muito grande. Já vi construírem casas de alvenaria em dois dias", disse.

Persoli admitiu que a medida "pode até contribuir" para o assoreamento do rio, "mas em uma quantidade pequena". "Vamos avaliar se manteremos essa estratégia, porque quando o ritmo de demolições aumentar, isso pode se tornar um problema", afirmou o subprefeito. Reportagem do Estado publicada no dia 6 deste mês mostrou, porém, o impacto desse tipo de entulho para o assoreamento dos rios. Pelo menos 364,7 mil toneladas de areia e lixo estão acumuladas em 70 grandes rios, córregos e galerias que deságuam no Tietê.

O subprefeito explicou que um convênio foi firmado entre a Prefeitura e a Polícia Militar para evitar novas construções. "Depois que a PM ocupar a área e manter a vigilância sobre o local, o entulho será retirado."

O técnico da Defesa Civil Wilson Silva acompanhou as demolições e explicou que as casas derrubadas estão na Área de Proteção Ambiental (APA)Várzea do Alto Tietê. "Futuramente, a retirada dessas casas contribuirá para aumentar a drenagem da água, mas isso não ocorrerá de imediato."

Uma das casas demolidas ontem foi comprada há um ano pela empregada doméstica Eliane Damasio Raimundo, de 38 anos, e o marido. Eles pagaram R$ 12 mil, com prestações agendadas até o fim de 2010. "Estou muito triste. Foi um sufoco para comprar", desabafa.

Desde o dia 8, quando as chuvas alagaram a região, ela se mudou com o marido e os quatro filhos para uma casa alugada no bairro. O aluguel custa R$ 400, valor superior ao do auxílio de R$ 300 da Prefeitura. Para minimizar o prejuízo, a família inteira se mobilizou, de marretas em punho, para retirar partes da casa antes da demolição. "Tiramos a janela, parte do telhado, tudo o que dava para aproveitar", relatou Eliane.

MUDANÇA

Outros seis bairros continuam alagados. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, cem famílias estão em conjuntos da CDHU. O emplacador Cláudio dos Santos, de 31 anos, que também trabalhava na retirada do material útil de sua casa, já está em um dos apartamentos. "É um prejuízo muito grande." Outras 180 famílias devem se mudar nesta semana e mais 60 apartamentos ficarão prontos até janeiro.M

OESP, 30/12/2009, Metrópole, p. C3

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