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Fiscalização do Parna da Serra do Itajaí desmonta rede de exploração clandestina de palmitos que atuava no interior do parque

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Márcia Neri - marcia.neri@icmbio.gov.br
14 de Nov de 2008

A equipe de fiscalização do Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI), em Santa Catarina, surpreendeu, na madrugada de sábado (8), três palmiteiros que transportavam ilegalmente 960 cabeças de palmito in natura em uma caminhonete. A carga apreendida na operação, a maior dos últimos dez anos, foi extraída ilegalmente da unidade de conservação. Os fiscais do Parna contaram com o apoio de guias do Instituto Parque Nascentes, organização gestora PNSI, e da Polícia Militar.

O chefe da unidade, Fábio Faraco, explica que a extração clandestina de palmito é um problema antigo na região, que guarda 60 mil hectares de mata atlântica. "Estávamos investigando a ação dos palmiteiros há mais de dez meses. Eles agem profissionalmente, muitas vezes armados, contam com o auxílio de aparelhos celulares operados via satélite e costumam extrair e transportar o produto na calada da noite, principalmente nos fins de semana", relata Faraco.

Os fiscais e policiais interceptaram o veículo carregado de palmito-jussara (Euterpe edulis) em uma estrada de Nova Rússia, no município de Blumenau. "Os palmiteiros haviam acabado de extrair a iguaria em uma área do interior do Parna conhecida como 50 Macucos, localizada na porção Norte da unidade. Estávamos de campana há seis dias e às três da manhã do sábado conseguimos dar o flagrante", detalha o chefe do Parna.

Segundo ele, a operação foi extremamente importante porque desmontou a cadeia produtiva da exploração ilegal no interior do Parque. "A abordagem flagrou catadores, transportadores e receptores. Com ela, levantamos informações que nos levaram até a Indústria e Comércio de Conservas Supreme Ltda, que processava o produto extraído ilegalmente, com o agravante de não possuir licença de funcionamento. No local, prendemos mais duas pessoas", acrescenta Faraco.

Na fábrica foram encontradas mais 500 cabeças de palmito in natura sem documento que comprovasse a origem e mais de 200 caixas do produto já processado, pronto para ganhar o mercado. A empresa, localizada no município de Luís Alves (SC) foi autuada em R$ 200 mil no dia da apreensão. "Esse valor será reajustado porque o palmito enlatado já foi analisado e é realmente procedente do Parque. A multa será maior", relatou Faraco na tarde da última quarta-feira (12).

Os palmiteiros que estavam com o carregamento foram multados em R$ 300 mil e conduzidos à Polícia Federal de Itajaí para as devidas medidas judiciais. "Nessa ocasião, eles não reagiram e estavam desarmados, mas somente esse ano, já prendemos mais de 15 pessoas armadas no interior do Parque. É por isso que o apoio da PM é fundamental", revela.

O prejuízo ambiental é grande. O Palmito é um alimento extraído do broto de palmáceas. Depois de retirado o produto, a planta morre. Na Mata Atlântica, as palmeiras exploradas pelos palmiteiros desempenham um papel essencial para a manutenção do ecossistema. "Seus frutos e sementes são importantes para a sobrevivência de várias aves, roedores e até de macacos. Esses animais, por sua vez, ajudam a dispersar as sementes por toda a floresta", pondera o analista ambiental chefe do PNSI.

A equipe gestora do PNSI estima que pelo menos 20 mil pés foram retirados em 50 Macucos. A área montanhosa e de difícil acesso não impediu a ação dos palmiteiros. Os infratores conhecem bem o local, percorrem trilhas, costumam escapar das operações realizadas pelos fiscais e a maioria tem passagens pela polícia por crimes ambientais e formação de quadrilha.

Os analistas ambientais do Parque acreditam que os meses de investigação e as horas de tensão e espera valeram a pena. "As operações de fiscalização irão continuar, sempre com o apoio da Polícia Militar, Ambiental e os demais parceiros. Pretendemos causar prejuízos aos envolvidos na extração ilegal com ações permanentes e, assim, desestimular a prática desse crime em nossa unidade", adianta Faraco.

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