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Fiscalização do ICMBio apreende carga com 80 mil peixes ornamentais

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Márcia Neri - marcia.neri@icmbio.gov.br
09 de Out de 2008

A equipe de fiscalização do Parque Nacional do Jaú, no noroeste do Amazonas, flagrou na última segunda-feira (6/10) uma embarcação que transportava ilegalmente 80 mil peixes ornamentais pela hidrovia do Rio Negro. A carga apreendida, composta por Cardinais, Corrydoras e Acarás Bandeira, era procedente do município de Barcelos e estava dentro de um container a bordo da balsa Vovó Mocinha, que seguia para Manaus.

As espécies seriam vendidas para um aquariocultor na capital amazonense. Os fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) autuaram o comandante do barco e uma mulher. Os dois foram multados em R$6 mil e responderão a processo penal por crime ambiental. Os peixes foram soltos em áreas internas e externas da unidade.

A ocorrência de delitos dessa natureza em rios que atravessam a região da unidade de conservação aumenta no período da estiagem da Amazônia, que vai de agosto a dezembro. Por isso, a fiscalização também é intensificada. De acordo com o geógrafo Alessandro Marcuzzi, analista ambiental do Parna do Jaú, somente no mês de setembro foram resgatados cerca de 500 quelônios e mais de 14 mil ovos de tartarugas. "Também apreendemos diversos instrumentos usados na captura desses répteis. De cinco anos para cá, coletores, transportadores e atravessadores têm agido com mais freqüência em áreas próximas ao parque e isso coloca nossas espécies em risco", lamenta.

Para tentar fechar o cerco, os quatro analistas ambientais do Parna do Jaú contam com o apoio de fiscais de outras unidades do ICMBio. O geógrafo lembra que as grandes dimensões do Parna, aliada a seca dos rios, facilita a pesca e coleta de peixes e répteis. "Como a desova das tartarugas acontece nessa mesma época, fazemos o possível para evitar a saída desses animais da floresta", afirma.

Diferentemente de outras unidades de conservação da região norte do país, o Jaú não sofre com a exploração ilegal de madeira. "Não temos conflitos com madeireiros, mas sofremos a ação de pescadores, coletores de quelônios e caçadores. Há algum tempo, recebemos denúncias que indicam a atuação de traficantes internacionais de espécies ornamentais de peixes em nossos rios. A Polícia Federal já mantém investigações nessa área", acrescenta o analista ambiental.

Belezas e atrativos do Jaú

O Parque Nacional do Jaú (PNJ) fica nos municípios de Barcelos e Novo Airão, região situada entre o baixo e médio Rio Negro e a 220 km de Manaus. Com uma área total de dois milhões 377 mil hectares, é o segundo maior do Brasil e um dos maiores do mundo. A unidade também é a única no país a proteger toda a bacia de um rio de águas escuras como o Jaú.

Estudos botânicos desenvolvidos no interior do PNJ catalogam, até o momento, cerca de 400 espécies de plantas. Várias delas, restritas a determinados ambientes do parque. A fauna também é muito representativa. Pelo menos 270 espécies de peixes são encontradas nos limites da unidade, algumas ainda pouco conhecidas pela ciência.

O analista ambiental Alessandro Marcuzzi, que já trabalhou no Parque Nacional da Chapada Diamantina e do Descobrimento, na Bahia, ressalta o potencial turístico do Parna do Jaú. Segundo ele, trata-se de uma unidade muito bem preservada, com paisagens de tirar o fôlego. "É um lugar único, que pode ser referência em termos de visitação dos ambientes amazônicos. Tanto é, que será um dos seis primeiros parques nacionais a receber recursos do Programa de Turismo lançado a um mês pelo presidente Lula, uma parceria entre o ICMBio, Ministério do Meio Ambiente e Ministério do Turismo", reforça o geógrafo.

Atualmente, a visitação é permitida, embora a estrutura turística do Jaú ainda seja precária. Os visitantes ficam em barcos particulares e passam, em média, dois dias conhecendo as belezas da unidade. "Esperamos investimentos de cerca de R$3,5 milhões para ampliar a visitação. Hoje, recebemos 700 visitantes por ano, 70% deles são estrangeiros. Queremos receber mais brasileiros. Nosso plano de uso público prevê um centro flutuante para recepcionar melhor os turistas e trabalhar questões como educação ambiental e pesquisa", adianta Marcuzzi. Também está previsto a construção de uma pousada flutuante administrada em parceria com a iniciativa privada.

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