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Filme joga luz sobre comunidade quilombola de Vargem Alta

Gazeta Online gazetaonline.com.br
21 de Nov de 2017

Dois curtas-metragens capixabas integram a sexta e nova temporada do projeto Revelando Brasis: "Franz Siebel: o surgimento da fotografia pomerana", de Rafael Wolfgramm; e "A Viagem do seu Arlindo", de Sheila Altoé. Os filmes fazem parte das 15 produções selecionadas em 12 estados do país e estão sendo conduzidas por moradores de cidades que contam com até 20 mil habitantes.

Enquanto "Franz Siebel" é de Laranja da Terra, Noroeste do Estado, a produção de Sheila, professora da rede municipal, se passa em Vargem Alta, região Serrana, e conta a história de Arlindo. As gravações aconteceram entre os dias 6 e 10 deste mês em Pedra Branca, distrito localizado a 12 quilômetros do centro da cidade. Ao longo de cinco dias, a localidade viu-se transformada num verdadeiro set de cinema.

Tudo isso, claro, para contar a história do antigo - e já falecido - morador que certo dia acordou se preparando para fazer uma viagem misteriosa.

QUEM FOI ARLINDO?

Para saber quem foi Arlindo, primeiro deve-se voltar no tempo. Mais especificamente há cerca de quatro anos, quando Sheila iniciou um projeto de contação de histórias ao lado de um amigo em Pedra Branca.

"Foi muito bacana porque havia por lá várias lendas, como a da árvore mal-assombrada ou da ponte que não podia ser atravessada depois de certo horário", relembra Sheila sobre a experiências com os estudantes.

Além das escolas, ela visitou também a residência dos moradores da comunidade quilombola. A intenção era buscar relatos interessantes. Numa dessas visitas, a professora conheceu Marluce, filha do seu Arlindo.

"Ela nos contou a história de que o pai se preparava para fazer uma misteriosa viagem", recapitula. "Marluce nos disse que não tinha contado isso para ninguém", compartilha Sheila reforçando o caráter enigmático do périplo que será revelado aos espectadores.

RESGATE CULTURAL

Outra forma de conhecer a história do personagem foi através dos moradores do distrito. "Comecei a descobrir o seu Arlindo quando passei a preparar as pessoas para o ensaio do curta. Por exemplo, o ator que o interpreta contou que no passado havia feito teatro na casa dele", ressalta a diretora.

A chegada da equipe de filmagem naquele espaço acabou revivendo memórias históricas e culturais. Algumas tradições antigas até passaram a ser resgatadas a partir disso.

É o caso do caxambu, dança típica africana que havia sido praticamente esquecida por aqui e que voltou a ser praticada. Inclusive, a comunidade criou o "Dia Q (Dia do Quilombo)". A ideia é ter todo dia 20 de cada mês dedicado não apenas a dançá-lo, mas também a relembrar antigas tradições.

"No último dia de gravação, conseguimos reunir todo mundo. As senhoras pegaram saias emprestadas e fizeram uma apresentação", conta ela.

"Elas eram crianças na época em que o caxambu ainda era dançado. Então acredito que um momento desses não acontecia por lá há 40 anos", orgulha-se a diretora do curta que deve estrear em Pedra Branca após o próximo Carnaval.

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