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Filme discute efeito nefasto de Código Florestal

FSP, Acontece, p. 1
19 de Mai de 2015

Filme discute efeito nefasto de Código Florestal
'A Lei da Água', com inclinação ambientalista, traça panorama de consequências de nova lei, aprovada em 2012

ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO

Privatizar lucros e socializar prejuízos. É o que ocorre quando manguezais da costa brasileira são liberados para o cultivo de camarões.
Para beneficiar uma produção voltada ao mercado mais rico, o equilíbrio ecológico e a renda de populações pobres do litoral são prejudicados.
"É uma reforma agrária às avessas", resume Yara Novelli, livre docente em oceanografia biológica da USP, no documentário "A Lei da Água".
O filme, dirigido por André D'Elia, traça um panorama dos efeitos nefastos do novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso em 2012.
A questão dos manguezais é um dos pontos expostos. Como numa reportagem televisiva ampliada, a fita trata de muitos impactos da lei: na agricultura, na ocupação urbana do solo, nas matas, na vida animal.
Com apoio de entidades como o Instituto Sócio Ambiental, o SOS Mata Atlântica e o WWF, o trabalho ouve cientistas, políticos de diferentes matizes, militantes ecológicos, fazendeiros, trabalhadores.
O resultado é uma crítica à legislação ambiental e à anistia a desmatadores. A tese central é que a preservação do ambiente favorece a produção agrícola: não há incompatibilidade entre agricultura e ecologia; a floresta é a maior aliada da lavoura.
Já os ruralistas atacam medidas de proteção ambiental e as classificam como atentados à propriedade privada.
Um congressista chega a comparar a exigência de reserva legal à hipótese de um apartamento que teria parte de seu espaço entregue a "baratas, lagartos e outros bichinhos".
É uma pena que a falta d'água em São Paulo não seja mais explorada pela fita, provavelmente concluída antes do desastre no Estado. Se abordasse os erros de planejamento de governos, ganharia mais atualidade e contundência.
Com clara preocupação com o didatismo, o longa é rico em dados e não esconde sua inclinação abertamente ambientalista. Pede mais discussão, especialmente com a participação da comunidade científica. Ao enfatizar o aspecto parlamentar, deixa diluídos os interesses e as responsabilidades de grandes grupos empresariais.
É material para embasar muitos necessários debates.
A LEI DA ÁGUA
DIRETOR André D'Elia
PRODUÇÃO Brasil, 2014, livre
QUANDO em cartaz
AVALIAÇÃO bom

FSP, 19/05/2015, Acontece, p. 1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/219733-filme-discute-efeito-n…

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