Valor Econômico, Política, p. A6
15 de Ago de 2016
Filho de sertanista pode comandar Funai
Por Daniela Chiaretti, Fernando Exman e César Felício
O advogado Noel Villas-Bôas, filho caçula do sertanista Orlando Villas Boas, é o nome de preferência no governo do presidente interino Michel Temer para ser o novo presidente da Fundação Nacional do Índio, a Funai.
Noel estava em Canarana, no Mato Grosso, este fim de semana, falando com lideranças indígenas sobre a indicação, apurou o Valor. Ele foi para o Parque Indígena do Xingu (PIX), participar da cerimônia fúnebre de Quarup de Pirakuman Yawalapiti, que morreu no ano passado. O líder indígena Pirakuman era irmão do cacique Aritana e foi alfabetizado pelos sertanistas.
O nome de Noel Villas-Bôas teria sido uma indicação do cacique Raoni Metuktire, icônica liderança caiapó e famoso internacionalmente pela luta pela preservação da floresta e pela parceria com o roqueiro inglês Sting para evitar que o governo construísse usinas no rio Xingu, nos anos 80.
Raoni, que nasceu no Mato Grosso e é conhecido pelo disco de madeira pintado colocado no lábio inferior, também aprendeu português com os irmãos Villas-Bôas. Noel Villas-Bôas não tem trajetória indigenista tradicional, mas é o guardião do legado do pai. Foi o idealizador do filme "Xingu", dirigido por Cao Hamburger, em 2012, que conta a saga dos irmãos.
Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Boas integraram a expedição Roncador-Xingu, uma missão do governo Getúlio Vargas para desbravar o Brasil Central, habitada por índios. No filme foram representados pelos atores Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat.
Os irmãos Villas-Bôas se dedicaram à criação do Parque Indígena do Xingu, no nordeste do Mato Grosso. Noel e seu irmão Orlando passaram as férias, quando crianças, no Parque. Em entrevista ao programa Jô Soares, em 2009, ele disse que foi criado nas duas culturas.
Especulou-se que o governo Temer daria a direção da Funai aos generais da reserva Sergio Roberto Peternelli e Franklimberg Ribeiro de Souza, indicações do PSC. Negociador das nomeações na área, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, não foi localizado.
Valor Econômico, 15/08/2016, Política, p. A6
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