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Filho de Índio mantido com convênio Prefeitura de Novo Progresso, morre vítima de Queimadura

Folha do Progresso - www.folhadoprogresso.com.br
20 de Jun de 2008

Funai confirma

O corpo não foi submetido à necrópsia em respeito às tradições indígenas.
A morte de uma criança Kaiapó com quase 90% do corpo queimado na madrugada de domingo na UTI pediátrica do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) começa a ser esclarecida. Mas até ontem, o Instituto Médico Legal não havia recebido nenhum pedido de remoção do corpo e, portanto, não confirmava o falecimento do indígena. Mesmo assim, o óbito foi comunicado ainda no domingo (1) na Seccional da Marambaia.

O registro, que foi assinado pelo administrador da Funai em Belém, Juscelino Bessa, trazia informação de que o corpo seria liberado sem que a causa da morte pudesse ser comprovada em um exame de necrópsia. Ontem, a Funai confirmou o falecimento da criança, informando que, em respeito às tradições da cultura Kaiapó, o cadáver não seria examinado. 'Nós tivemos que interceder junto a polícia para que o corpo não fosse mandado para a perícia, já que examinar, pela tradição deles (dos Kaiapós), seria um desrespeito com a vida da criança'.

O corpo do menino, de apenas um ano e dois meses de idade, foi liberado ainda na manhã do domingo para que a família pudesse proceder com o enterro, sem que o IML atestasse a causa da morte com um exame de necrópsia. Antes do meio-dia, a urna, a mãe e o avô da criança embarcaram em um avião fretado pela Funai no aeroporto internacional de Belém, com destino ao município de Novo Progresso, sudoeste do estado.

A falta de uma certidão de nascimento também dificultou a liberação do corpo pelo Hospital, por ter atrasado a emissão de uma certidão de óbito. O documento só foi expedido na segunda-feira.

A diretora da Casa do Índio em Belém, Fátima Lima, relatou que a família chegou à cidade em um avião fretado pela Funai na sexta-feira, internando o menino na noite do mesmo dia. A mãe e o avô da criança vieram acompanhados de uma liderança Kaiapó para tentar salvar a vida do índio na capital.

DESNUTRIÇÃO

Ngreyboty Kaipó, de um ano e dois meses de idade, deu entrada no HMUE, na sexta-feira, com queimaduras de primeiro e segundo grau em 90% do corpo. De acordo com o prontuário médico do atendimento, as queimaduras foram causadas por uma infusão de ervas em água fervente, pelo menos cinco dias antes do registro do paciente no Hospital. O prontuário também relata que o menino apresentava um estado de desnutrição e higiene precária, e que a causa da morte não seriam as queimaduras, mas sim, uma hemorragia pulmonar intensa. A assessroia do hospital divulgou, ainda, que a hemorragia poderia ter sido causada por uma inalação de substância tóxica, e agravada pelo sistema pulmonar debilitado da criança.

A família Kaiapó vive a 30 quilômetros do centro de Novo Progresso, nas proximidades da rodovia BR-163, a Cuiabá-Santarém, na Aldeia Baú, onde cerca de 300 índígenas vivem isolados no meio da mata. O administrador do Funai em Belém juscelino Bessa, que esteve junto com a família durante o impasse na liberação do corpo pelo Hospital Metropolitano, conta que pela tradição Kaiapó, os doentes da tribo não podem ser tratados com remédios nem por médicos da cidade. Segundo ele, os próprios índios tentaram curar a criança em um tipo de terapia com plantas, e acabaram agravando o estado de saúde do garoto, a ponto de ocasionar o falecimento dele.

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