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Festa do Quarup no Xingu começa sob a ameaça de queimadas no Mato Grosso

Viaecológica-Brasília-DF
18 de Jul de 2003

Em meio a ameaças de queimadas dentro e fora do Parque Indígena do Xingu (MT), com a temporada de seca começando, tem início na madrugada deste sábado (19) para domingo, na Aldeia Yawalapiti, a famosa festa do Quarup, que atualmente reúne representantes de várias etnias. Este ano a festa será dedicada ao sertanista Orlando Villas Bôas, falecido em dezembro do ano passado, que foi um dos principais responsáveis pela preservação de tradições de povos indígenas do centro-oeste. Normalmente o Quarup - imortalizado num dos principais romances da literatura brasileira na década de ´60 - é realizado quando morre algum índio respeitado. As aldeias vizinhas são convidadas para a festa e convidados não-índios também são recebidos. O próprio Villas Bôas e seus irmãos, também sertanistas, já participaram de muitos Quarups e, como homenageado deste ano, terá uma celebração será especial pela sua atuação na proteção aos povos indígenas e na criação do Parque Indígena do Xingu. Representantes de 14 etnias habitantes do Xingu e a família de Orlando, além de índios de do Amazonas, Tocantins e outros estados já confirmaram presença. Na festa, que na verdade é um ritual, os mortos são representados por toras de madeira, chamadas quarup, fincadas no centro da aldeia. Na madrugada, contadores cantam chorando, agitando o maracá (espécie de chocalho, herdado por religiões amazônicas como o Santo Daime). A lenda diz que durante o ritual os mortos podem voltar à vida por breves momentos. Ao pé de cada tora um pequeno fogo é aceso e mantido assim noite adentro. A celebração é o último ritual de passagem, para que os espíritos encontrem um lugar confortável e seguro ao nascer do novo dia, quando o fogo é então apagado, de acordo com interpretações indígenas. A presença de queimadas na região do Xingu diminuiu um pouco nos últimos dias, mas Mato Grosso continua sendo o estado onde há mais focos de fogo no momento. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais informa que há 229 focos de calor no país, na maioria queimadas provocadas por fazendeiros e agricultores familiares, inclusive índios. Deste total, nada menos que 40 queimadas estão em Mato Grosso, sendo que as terras indígenas Pareci e o Parque Indígena do Xingu apresentavam focos de queimadas até o dia anterior, de acordo com imagens de satélite. (Veja também www.cimi.org.br, www.kaninde.org.br, amazonia.org.br e o mapa das queimadas em http://www.cptec.inpe.br/satelite/indexp.html).

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