VOLTAR

Federal investiga venda de crianças

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Antonio Viegas
05 de Mai de 2002

Ministério da Justiça está preocupado com a situação de miséria das famílias que vivem nas aldeias, a ponto de vender seus próprios filhos

A Procuradora Federal Ana Maria de Carvalho, designada pelo Ministério da Justiça para acompanhar as denúncias de tráfico de crianças indígenas, chegou na sexta feira a noite em Dourados e manteve contato com o procurador da República Ramiro Rockenbac e em seguida com a delegacia da Polícia Federal. Ela solicitou apoio do Ministério Público e comunicou à Polícia Federal a determinação do Ministério da Justiça para que as denúncias sejam investigadas. A procuradora considera o problema grave.

Ontem pela manhã Ana Maria em companhia do chefe do Núcleo da Funai em Dourados, Jonas Rosa e do chefe do Posto da Reserva Indígena, Argemiro Alves, assistiu novamente a reportagem mostrada no Programa do Ratinho, com base nas publicações do Correio do Estado. A procuradora, com auxílio dos representantes dos índios e da Funai, procurou identificar as pessoas citadas na matéria para iniciar seus trabalhos.

Ele adiantou que o trabalho de investigação será conduzido pela Polícia Federal mas que irá acompanhar e inclusive manter contatos com as pessoas que estiverem envolvidas no caso. Ontem mesmo ela teve acesso às reportagens publicadas pelo Correio do Estado desde janeiro último e voltou a dizer que se trata de uma situação gravíssima que merece uma investigação profunda visando detectar e punir os responsáveis.

Ana Maria de Carvalho comentou que vai fazer levantamentos sobre as condições de sobrevivência dos indígenas de Dourados e de programas que já estão em andamento ou projetos que ainda dependem de aprovação, principalmente na questão de alimentação. A preocupação é com as denúncias de que os índios estariam vendendo os filhos em função da miséria. O objetivo é traçar um perfil e buscar meios para resolver o problema.

No primeiro contato com as lideranças indígenas, a procuradora foi informada sobre a doação de cestas básicas mensalmente e ouviu a denúncia de que muitos índios estariam trocando essas cestas por bebida alcóolica. Com relação às bebidas, a procuradora entende que deveria haver um trabalho mais intensivo no sentido de coibir a venda, para evitar esse tipo de situação e outros problemas mais sérios originados do álcool.

Para a procuradora, sua presença em Dourados não é apenas para acompanhar punições, mas também para detectar as deficiências e buscar junto à Funai e ao Governo Federal, meios para soluciona-los. Ela comentou inclusive, a idéia de tentar trazer uma equipe completa, de várias áreas, da Funai para a cidade, com a finalidade de auxiliar os índios e dar encaminhamento em suas principais necessidades.

Quanto às denuncias de venda de crianças a Polícia Federal deve abrir um inquérito na próxima segunda-feira, para iniciar as investigações. Um dos primeiros passos seria a análise de um processo que corre em segredo de Justiça no Fórum de Dourados, que trata de adoção ilegal, o que deu origem a todas as denúncias e que já foi amplamente divulgado pelo Correio do Estado. Em seguida seriam ouvidas algumas índias que fizeram denúncias de cárcere privado e de venda de crianças. Um outro ponto seria a conferência de registros de crianças feitos no Posto da Funai para saber onde estariam essas crianças atualmente.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.