Federal conclui inquérito sobre a morte de líder indígena

A Polícia Federal de Naviraí vai se pronunciar, na próxima segunda-feira, a respeito das investigações em torno da morte do cacique guarani Marcos Veron, na Fazenda Brasília do Sul, município de Juti. O delegado João Carlos Girotto conclui hoje o inquérito, encaminhando-o para o Ministério Público Federal. Cerca de 25 pessoas foram ouvidas, entre elas três funcionários que estão presos acusados de envolvimento. Dois outros, também com mandado de prisão, incluindo o administrador da propriedade Nivaldo Alves de Oliveira, estão foragidos.
O delegado não quis adiantar as informações do que foi apurado. Ele mesmo havia solicitado segredo de justiça até a conclusão das investigações. Questionado sobre o possível envolvimento de policiais ou ex-policiais do Departamento de Operações de Fronteira - DOF, conforme havia sido denunciado pelos índios, o delegado disse todas as hipóteses do crime foram levantadas, informando apenas que houve desdobramento no caso.
Os funcionários Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde estão presos e foram indiciados. Já o administrador da fazenda e uma quinta pessoa, cujo nome não foi revelado pelo delegado, estão com mandado de prisão decretado mas continuam foragidos. Mesmo com o encaminhamento do inquérito ao Ministério Público, que vai se encarregar de oferecer ou não a denúncia, as investigações vão prosseguir com a finalidade de reunir mais informações a respeito e principalmente cumprir os dois mandados que ainda faltam.
A morte de Marcos Veron aconteceu no último dia 12, na Fazenda Brasília do Sul, município de Juti. O líder indígena, juntamente com várias outras famílias, havia ocupado a propriedade no dia anterior mas seu grupo, conforme as denúncias, foi surpreendido durante a madrugada por funcionários da fazenda. Eles teriam espancado o cacique, provocando sua morte e ainda teriam ferido à bala um menor no momento em que chegava, na carroceria de uma caminhonete, à propriedade.
A Fazenda Brasília do Sul, de propriedade de Jacinto Honório da Silva, está em litígio e pode ser considerada terra indígena, dependendo do relatório de levantamentos antropológicos realizados pela Funai naquela região. Em consequência desse processo, a Justiça Federal em Dourados autorizou o sepultamento de Marcos Veron na propriedade, atendendo a um pedido dos próprios índios. Após o enterro, os índios continuaram na área, mas a Polícia Federal tem procurado ir ao local com frequência para evitar novos confrontos