VOLTAR

Fazendeiro confessa ter derrubado 2 milhões de árvores

OESP, Vida, p. A16
06 de Set de 2005

Fazendeiro confessa ter derrubado 2 milhões de árvores

Preso desde o fim da semana numa cela da Polícia Federal de Santarém, no oeste do Pará, o fazendeiro José Dias Pereira, de 58 anos, multado em R$ 20 milhões pelo Ibama por derrubar e queimar 2 milhões de árvores na Terra do Meio, em Altamira, confessou o crime ambiental, pelo qual pode ser condenado de 3 meses a 3 anos de prisão. Ele afirma que fez a mesma coisa que muitos madeireiros e fazendeiros "também fazem" na Amazônia. E tentou justificar: "Desmatei para criar gado e poder sustentar minha família".
Interrogado, ele disse que, para derrubar os 6.800 hectares, usou dezenas de motosserras, vários tratores e cem homens. E fez isso durante cinco meses. A confissão expôs a incapacidade do Ibama em fiscalizar uma das regiões mais cobiçadas da Amazônia.
Os fiscais admitem enfrentar grandes dificuldades para fazer seu trabalho. São mal remunerados, muitas vezes tiram dinheiro do próprio bolso nas operações e nem sempre podem contar com helicópteros, carros e lanchas. No Pará, existem apenas 172 para cobrir 1,2 milhão de quilômetros quadrados.
Pereira é reincidente na prática da devastação. No ano passado, após desmatar e queimar 2 mil hectares, recebeu do Ibama multa de R$ 3 milhões. Ou seja, em menos de um ano foi responsável pela destruição completa de uma área do tamanho de 10 mil campos de futebol. E como seu crime é afiançável, depois de prestar depoimento à Justiça Federal, ele deve ser solto.
Considerado o maior devastador individual do País em 2005, Pereira respondeu da seguinte maneira a pergunta sobre se pagará a multa de R$ 20 milhões: "Não sei, ainda não decidi. Só depois de ouvir meu advogado". O Ibama responde por ele. 0 fazendeiro não pagou sequer a multa de R$ 3 milhões, de 2004.

OESP, 06/09/2005, Vida, p. A16

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.