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Fazendeiro alega prejuízo de R$ 1 milhão em fazenda

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Fábio Dorta
11 de Mar de 2003

Crianças indígenas brincam na piscina da sede da Fazenda Brasília do Sul, que foi invadida em 2001. Parte da área do imóvel permanece ocupada

O empresário Jacinto Honório, proprietário da Fazenda Brasília do Sul, localizada no município de Juti e que está ocupada por indígenas desde o mês de janeiro, disse ontem que a propriedade rural já acumula um prejuízo de R$ 1 milhão. Segundo ele, são cerca de R$ 10 mil por dia, somente com a morte ou perda de peso das 13 mil cabeças de gado existentes no local. O mais grave é que a totalidade do rebanho ainda não foi vacinada contra febre aftosa.
Jacinto Honório, que mora em São Paulo, disse também que a safra de soja - foram plantados 500 hectares da cultura - pode ficar comprometida, porque os índios ameaçam não permitir a colheita, assim como o plantio de uma área de 300 hectares de milho safrinha. Nesta área, os prejuízos já chegam a R$ 850 mil.
Os indígenas querem a demarcação das terras e já invadiram a propriedade diversas vezes. Em algumas oportunidades chegaram a ocupar a sede. A fazenda foi ocupada pela última vez no último dia 13 de janeiro, por índios que estavam acampados na região do Porto Cambira em Caarapó e eram liderados pelo cacique Marcos Verón. Houve conflito e Verón acabou morto. Os índios conseguiram permissão da Justiça Federal para enterrar Verón dentro da fazenda e, desde então, ocupam uma parte da propriedade.
De acordo com o administrador da propriedade, Luiz Antonio Damicano, os índios vigiam as principais entradas da propriedade e os funcionários estariam sendo obrigados a entrar por uma trilha no meio do mato para chegar até a sede da fazenda. Antes da ocupação da área pelos índios, a fazenda tinha cerca de 30 funcionários, hoje, segundo ele, são apenas sete. "Ninguém quer vir trabalhar aqui, todos estão com medo", afirmou.

Morte e vacinação
O administrador disse que os indígenas, liderados por Araldo Verón, filho do cacique morto, têm aberto porteiras e colchetes, fazendo com que o gado se misture e não tenha uma alimentação adequada. Segundo ele, além da perda de peso, animais tem morrido todos os dias. A Fazenda Brasília do Sul têm uma área de 9,8 mil hectares. No local estão cerca de 13 mil cabeças de gado de cruzamento industrial.
Outro problema, ainda mais grave, segundo ele, é que com um número reduzido de funcionários - a maioria deixou a propriedade depois da entrada dos índios - foi impossível vacinar todo o gado contra febre aftosa, cujo prazo para vacinação terminou no último dia 28. "Temos até o dia 15 para fazer a entrega dos frascos, mas está sendo impossível atender a esta determinação nas condições em que estamos", acrescentou o administrador.
Em uma outra ocupação da fazenda, em 6 de outubro de 2001, os índios conseguiram chegar até a sede da propriedade, onde fizeram funcionários reféns. O administrador da fazenda à época e a esposa dele ficaram presos em um galpão de madeira e tiveram parte dos corpos pintados.

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