VOLTAR

Farmacia da floresta

O Globo, Eureca, p.24
29 de Dez de 2003

Farmácia da floresta
Boa parte da tão falada biodiversidade da floresta amazônica é invisível a olho nu. São fungos e bactérias, muitos de espécies novas, que podem dar origem a remédios mais eficientes do que os atuais. Cientistas do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane (CPqLMD), da Fiocruz, em Manaus, identificaram microorganismos com poderosa ação antibiótica. 0 centro montou uma coleção de micróbios e, enquanto espera patenteamento, mantém segredo sobre as substancias com ação antibiótica bem como o nome das espécies que as produzem. Revela apenas que de 800 espécies amazônicas do acervo, pelo menos metade tem ação antibiótica.
0 aproveitamento de tal descoberta é imenso. Para fazer frente a infecções cada vez mais resistentes às drogas conhecidas, laboratórios de todo o mundo procuram desenvolver novas classes de antibióticos. A pesquisadora Ormezinda Cristo Fernandes, do CPpLMD, diz que foram encontradas espécies capazes de matar bactérias nocivas, como Escheri-chia coli (infecções intestinais) e Staphylococcus aureus (a maior causadora de septicemia). Os pesquisadores pretendem agora ir adiante e analisar quimicamente as substãncias com ação terapêutica. Além disso, planejam usar técnicas de engenharia genética para tornar seu uso economicamente viável. Aliás, essa parte é fundamental. É bom ter sempre em mente que apenas saber que uma planta ou microorganismo tem substancias terapêuticas não leva ninguém longe. É preciso identificar a composição química e provar sua viabilidade industrial.

O Globo, 29/12/2003, p. 24

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.