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Familiares de indígena queimado no Ceará dizem que crime tem motivação política

G1 g1.globo.com
28 de Ago de 2017

Familiares do líder indígena da etnia Pitaguary Maurício Alves Feitosa, de 45 anos, que foi espancado e o corpo incendiado com gasolina dentro de casa afirmaram na manhã desta segunda-feira (28) que o crime teve motivação política. A agressão ocorreu na madrugada de domingo (27) em Maracanaú, na Grande Fortaleza.

Segundo a irmã de Maurício, Maria da Conceição Alves, a família faz parte da liderança indígena da área da região. "Tudo indica que foi crime político", afirma.

A agente indígena de saúde Ana Checia Sousa afirmou que as terras dos Pitaguary sofrem com a especulação por parte de empresários e que há muito tempo as terras estão sendo retalhadas.

"Aqui nas terras dos Pitaguary a especulação de terra é muito grande, por parte deste povo e empresários. Quem vem nos últimos anos retalhando essas terras. Vendendo e apropriando"

O estado de saúde de Maurício é estável, segundo a irmã de Maurício. "Ele está bem e estável. Só um pouco assustado com que tudo aconteceu", afirmou.

Esse caso é investigado pela Polícia Federal por se tratar de um indígena, protegido por um orgão federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai). A Polícia Federal diz que as investigações estão em andamento e por isso nenhuma informação sobre o caso pode ser repassada.

Crime

O líder indígena foi espancado e incendiado com gasolina dentro de casa. De acordo com a Polícia Militar, Maurício acordou na madrugada com o cheiro do combustível, que era colocado sobre a casa dele. Ele tentou sair da residência, mas foi espancado por dois homens e colocado de volta no interior da casa.

Ele sobreviveu e recebe atendimento no Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza. A unidade não divulgou informações sobre o estado de saúde de Maurício.

De acordo com o Observatório Socioambiental, que denuncia casos de violência contra povos indígenas, ele "sofreu queimaduras de terceiro grau e está internado, em estado grave, no setor de queimados" do IJF. Este é "mais um caso brutal ocorrido no interior do território Pitaguary e as motivações ainda não foram esclarecidas", aponta a associação.

Ainda conforme a Polícia Militar, a vítima trabalha em uma vacaria na zona rural de Maracanaú, onde sofreu o ataque. Os policiais recomendaram que fosse registrado um boletim de ocorrência sobre o caso.

Agressões contra os Pitaguary

Maurício Alves é irmão de Ceiça Pitaguary e juntos participam de protestos e manifestações em prol de direitos indígenas. Em março deste ano, eles lideraram a ocupação da Funai em Fortaleza em protesto contra a demissão de servidores e a indicação política para cargos no órgão.

Em maço de 2014, Ceiça Pitaguary sofreu também sofreu agressões. Ela foi agredida com golpes de facão, que causaram lesões nos braços e na cabeça.

http://g1.globo.com/ceara/noticia/familiares-de-indio-queimado-no-ceara…

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