VOLTAR

Família quilombola é alvo de despejo e alega estar na área há 200 anos

Gazeta Digital - http://m.gazetadigital.com.br/
Autor: Keka Werneck
08 de Nov de 2017

Família da comunidade do Carretão, um dos 69 quilombos certificados em Mato Grosso pela Fundação Palmares, é alvo de uma ordem de despejo que pode ser cumprida a qualquer momento.

A comunidade do Carretão tem 4 famílias, com histórico de antepassados vivendo no local há mais de 200 anos. "Tem gente enterrada no cemitério deles desde 1800, o bisavô, o avô", afirma Antonieta Luisa Costa, a Nieta, do movimento negro em Mato Grosso.

No dia 27 de outubro, a Fundação Palmares certificou o Carretão como área remanescente de quilombolas.

Desesperado o lavrador Marcelino Pereira da Silva, 68, acionado por fazendeiros, estava na manhã desta quarta-feira (8), na cidade de Poconé, aguardando advogado, que, segundo ele, vai questionar a ordem de despejo dada pela juíza Kátia Rodrigues Oliveira, da Vara Única local, em favor dos fazendeiros João José dos Santos Neto e Alaerce José dos Santos. São irmãos e cobram no Judiciário propriedade da fazenda São José, estendida até o local onde o quilombola mora.

Reprodução/Gazeta Digital

"Sou casado com Silvina Gonçalves da Silva, a Sizina, ela é filha e neta de quilombolas, temos uma filha, de 8 anos, que mora com a gente lá no Carretão", comenta Marcelino, garantindo que são afrodescendentes.

A ação é contra dona Silvina também.

Na terra, a família planta arroz, feijão, milho, banana e tem vaca leiteira. É este o meio de sobrevivência, além da aposentadoria do senhor Marcelino.

Na decisão, de terça-feira (7), a juíza requisita "força policial necessária, a fim de auxiliar o Sr. Oficial de Justiça no cumprimento do mandado expedido nos autos do processo em epígrafe".

Destaca ainda que tem liminar contra o lavrador Marcelino, para retirá-lo da área, desde 2013, nunca cumprida.

"Mesmo com sentença já prolatada, os requeridos continuam se esquivando em cumprir a decisão inicial proferida por este juízo", diz a magistrada nos autos processuais.

Para Nieta, do movimento negro, "é necessário uma mobilização" para evitar o despejo que seria, na opinião dela, uma crueldade.

"Já encaminhamos toda a documentação para a Defensoria Pública, que nos acompanha", avisa Nieta. "Mas é aquela coisa que se repete, fazendeiros querendo retirar as pessoas das comunidades, é uma luta", lamenta.

Outro lado

Moradores levaram pertences à beira da estrada
O Gazeta Digital tentou localizar a defesa dos fazendeiros, que insistem ser proprietários da áres, mas não conseguiu fazer contato até o fechamento desta matéria.

Mata Cavalo

Houve um despejo no quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (42 Km ao Sul de Cuiabá), no dia 9 de outubro, mas as famílias reverteram a situação e junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) conseguiu R$ 600 mil para indenização de fazendeiros, para que saiam da área.

http://m.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/9/og/1/materia/525268…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.