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Familia de Apoena quer intervencao

CB, Brasil, p.15
08 de Jan de 2005

Família de Apoena quer intervenção
Hércules Barros
Da equipe do Correio
A viúva e as duas filhas do sertanista Apoena Meireles, assassinado em Rondônia em outubro passado ao reagir a um assalto, chegaram ontem em Brasília. Ana Valéria Cassora, Tainá Meireles, de 28 anos, e Susyina Meireles, de 5, querem a intervenção do Ministério da Justiça na captura do menor que matou o indigenista. Segundo informações da imprensa em Rondônia, o adolescente estaria foragido desde o último dia 27 de dezembro. Mas o fato só se tornou público há dois dias.
0 adolescente estava internado na Casa Família Roseta, instituição para recuperação de dependentes químicos em Porto Velho. Preso em 13 de outubro, quatro dias depois do assassinato de Apoena, o menor foi transferido da Casa de Internação Provisória para o centro de recuperação no dia 23 de dezembro. "A fuga do assassino do meu pai foi mantida em sigilo até agora. Por quê? E a justiça como fica?", questiona Tainá.
0 chefe de gabinete da Fundação Nacional do índio (Funai), Roberto Lustosa, também estranha o sigilo que cercou a fuga do menor. "Só soubemos que ele estava foragido pelas informações veiculadas na imprensa". Segundo Lustosa, a Funai não tem competência para intervir no caso. "Isso é competência do Ministério Público, da Justiça', ressalta.
0 superintendente substituto da Polícia Federal em Rondônia, César Souza, lembra que o adolescente está sob a custódia do Estado. "Nesse caso, em especial, a Polícia Civil é que fica responsável pelas buscas", explica Souza.
Assalto
Apoena Meireles era coordenador de documentação da Funai. 0 sertanista foi assassinado com três tiros em Cacoal, Rondônia, quando tirava dinheiro de um caixa eletrônico. Ele estava em missão no estado para intermediar conversas com os índios cinta-larga e resolver o conflito entre indígenas e garimpeiros que exploravam diamante na reserva Roosevelt. Na abordagem, o jovem disparou três tiros. "A arma utilizada até hoje não foi encontrada", afirma Tainá.
Nascido na aldeia indígena São Domingo, conhecida hoje como Aldeia Pimentel Barbosa, situada na reserva Rio das Mortes (MT), Apoena Meireles, 55 anos, conviveu com várias tribos e participou de expedições que fizeram os primeiros contatos com indígenas isolados. Desde cedo, acompanhou o pai, o também sertanista Francisco Meireles, nas equipes de abordagem inicial de aldeias distantes como Xavantes e cinta-larga.
Apoena presidiu a Funai de novembro de 1985 a maio de 1986, quando descentralizou o órgão. Na década de 80 foi responsável pela demarcação da maioria das terras indígenas em Rondônia, onde foi administrador da Funai. Era respeitado e admirado pelas diferentes comunidades indígenas do estado. "Os índios Karitiana estão revoltados com a fuga do adolescente", conta o administrador regional da Funai em Rondônia, Rômulo Siqueira de Sá.
CB, 08/01/2005, p. 15

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